Com a Selic em 6,5% ao ano e taxas de juros nos países desenvolvidos ainda baixas, gestoras de patrimônio e serviços de private banking têm recomendado ao investidor compor o portfólio com ativos ligados à economia real para incrementar a rentabilidade.
As opções vão desde operações estruturadas mais tradicionais com garantia em imóveis, passando por fundos de participação em empresas ("venture capital" e "private equity"), créditos podres, até financiamentos de turbinas de avião, locomotivas ou investimentos em royalties musicais.
Enquanto havia a tríade boa qualidade de risco, liquidez e retornos na casa dos dois dígitos, as famílias de alto patrimônio não tinham razão para se dar ao trabalho de considerar estruturas alternativas na carteira, diz Sylvio Castro, responsável pela da área de gestão de investimentos do Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG).
Castro conta que há cerca de quatro anos, a parcela de ativos ilíquidos na carteira dos investidores era ínfima e que atualmente esse tipo de alocação varia entre e 10% e 15%, dependendo da disposição do investidor de não usar os recursos por prazos longos. Algumas dessas opções só se tornam viáveis para quem pode abrir mão da liquidez entre 5 e 15% ao ano.
Alexandre Braga, vice-presidente do comitê de Gestores de Patrimônio da Anbima, diz que cada vez mais o investidor brasileiro vê em ativos reais, private equity e ações no exterior, uma forma de agregar um risco e retorno diferente do que tem no Brasil. A sua percepção é que as oportunidades, normalmente mais comuns nos mercados americano e europeu, agora aparecem também na Ásia.
Gestores lembram, porém, que no Brasil há opções de dívida com classificação "AAA", que proporcionam retorno de 4,5% ao ano, mais a inflação, já líquido de imposto de renda, o que não é ruim, comparativamente ao magro CDI. "O brasileiro pode achar pouco porque está mal acostumado, mas nos Estados Unidos, um 'bond' de 5, 10 anos dá 1,70%. Há bons créditos no Brasil, mas o lado negativo é que não há muita liquidez se quiser vender."