Market Update – J.P. Morgan

Gestoras

Live realizada pelo J.P. Morgan Asset Management com Karen Ward, estrategista chefe da J.P. Morgan dos mercados da Europa, Oriente Médio e África, e Gabriela Santos estrategista global de mercado da J.P. Morgan.

Introdução

A live realizada por Karen Ward e Gabriela Santos, ambas do time do J.P. Morgan, objetivou analisar o sucesso dos países Europeus na contenção do Covid-19 e como se deu a recuperação, entendendo o impacto das políticas feitas e o efeito que tiveram para os investidores.

Karen Ward está há dois anos no J.P. Morgan e tem 17 anos de experiência na indústria. Antes de ocupar seu cargo atual, foi membro do comitê de conselhos econômicos do Reino Unido e trabalhou no banco de investimento HSBC. Iniciou sua carreira no Bank of England dando suporte para o comitê de política monetária.

Gabriela Santos está há 7 anos no J.P. Morgan e tem 11 anos de experiência na indústria, tendo passagem anterior pelo banco de investimento HSBC.

Comentários

Em termos de panorama global, o número de casos do Covid-19 continua elevado em regiões como Estados Unidos e América Latina. Já na Europa, o número, que até então tinha sido bastante controlado, voltou a crescer, intensificando o risco de uma segunda onda de contágio. Por outro lado, o número de mortes está menor, o que permite que os governos consigam fazer restrições mais direcionadas aos grupos mais afetados, evitando um completo lockdown.

Com relação a economia global, os dados ainda não estão próximos ao que se tinha em 2019, exceto para a China, mas as economias estão caminhando em direção a isso. No mês de julho vários PMI’s melhoraram, provando que as economias estão se recuperando, principalmente devido ao grande suporte monetário e fiscal feito pelos governos.

Após o panorama global, o foco passou a ser a Europa e sua recuperação. Na última década, o mercado de equities dos Estado Unidos sempre se mostrou melhor que o Europeu. No entanto, no cenário atual, com os EUA sofrendo para controlar o vírus e a Europa tendo obtido sucesso, esse pode ser um momento de destaque para os países europeus.

Em relação à trajetória de recuperação do continente europeu, apesar do sucesso obtido no controle da doença por um período, algumas regiões estão tendo o número de infecções elevado novamente, o que causa preocupação. Um dos motivos é o fato de que os níveis de mobilidade estão praticamente nos níveis normais pré-pandemia, algo para o qual os países não estão prontos sem o surgimento da vacina. Assim, o que se espera é que o distanciamento social deve ser mantido e que, até a criação da vacina, a normalidade chegue a 100%.

Algumas semanas atrás, a União Europeia gerou um novo estímulo fiscal, o qual representou um grande passo em direção à integração fiscal do grupo. Essa medida, representando uma integração maior entre o grupo, reduziu os prêmios de risco dos países da U.E., com os spreads se comprimindo nos bonds, equity e moeda. Além disso, os estímulos têm sido fundamentais, principalmente no mercado de trabalho, uma vez que a política adotada foi a de manter os empregos, ao invés de gerar mais demissões, com os governos se responsabilizando pelo auxílio no pagamento de salários.

Outro fator importante para a Europa é a balança comercial. Os países europeus dependem consideravelmente de suas exportações, que estão focadas, principalmente, nos mercados emergentes. Assim, apesar da força das economias domésticas, a Europa somente conseguirá crescimento extraordinário se o resto do mundo também acompanhar esse crescimento, elevando as exportações europeias. Nesse ponto, as eleições americanas também foram comentadas, uma vez que um assunto recorrente é como se darão as relações comerciais entre os EUA e o resto do mundo. Para Karen Ward, no entanto, essa maior preocupação diz respeito à China, sem grande impacto para a Europa.

Alguns pontos sobre o Brexit também foram mencionados por terem impacto nos mercados globais, devido à preocupação dos investidores em relação a como se darão as negociações. O dilema que está em pauta atualmente é o de que o Reino Unido deseja sua soberania plena, mas ao mesmo tempo também deseja manter os laços econômicos com os países da União Europeia. Karen Ward não demonstra grande preocupação, uma vez que entende que em todas as negociações os dois lados sempre cederam um pouco, buscando um equilíbrio e dessa vez acredita-se que não será diferente. Caso isso não seja feito, então poderiam haver discussões bem mais duras, gerando um cenário conturbado.

Por fim, após o cenário macro ter sido bem discutido e ter se mostrado positivo, a análise feita foi no mercado de ações. A principal comparação foi o excelente desempenho obtido pelo S&P, mesmo em um cenário conturbado da pandemia nos EUA. Na Europa, apesar do sucesso no controle da crise, o mercado financeiro não apresentou resultados tão bons. Para os economistas do J.P. Morgan, o principal motivo é a questão setorial. O mercado de ações europeu tem muitas empresas do setor financeiro e poucas do setor de tecnologia, sendo que essas últimas foram as que mais impulsionaram o desempenho positivo do S&P. Em um cenário de juros baixos, o setor financeiro tem sido prejudicado, o que reflete fortemente no desempenho total da bolsa europeia, dada a relevância do setor. Ainda, se forem eliminados os setores de tecnologia e financeiro, os benchmarks da bolsa dos EUA e da europeia tem desempenho muito similar.

Time de Análise MZR

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