Participaram do Call: Paulo Castilho (Relação com Distribuidores/Sócio); Aurelio Bicalho (Economista Chefe/Sócio)
INTRODUÇÃO (PAULO CASTILHO)
A Vinland Capital foi fundada em Março de 2018 pelos gestores André Laport (ex-Goldman Sachs) e James Oliveira (ex-BTG Pactual). A casa conta hoje com dois produtos em plataformas abertas de investimentos: Vinland Macro e Vinland Long Biased.
Com 9 meses de operação, a gestora já tem hoje R$ 1,2 Bilhão de AUM (Assets Under Management) e uma equipe de 27 pessoas, dos quais 11 são sócias da casa.
Apesar do início turbulento, com vários focos de stress e volatilidade nos mercados que a equipe opera, já conseguiram acertar as estratégias e normalizar o retorno dos fundos nos últimos meses.
CENÁRIO INTERNACIONAL (AURELIO BICALHO)
Para Aurelio Bicalho, Economista Chefe da Vinland, nas últimas semanas o mercado presenciou 2 eventos potencialmente benéficos para os países emergentes: (1) uma mudança na comunicação da política monetária americana – de viés mais dovish,ou seja, menos contracionista; e (2) um abrandamento das tensões comerciais entre os EUA e a China.
No lado dos EUA, o economista ressaltou que os dados econômicos no país continuam positivos, razão pela qual ainda vêm um risco baixo de recessão na economia americana no curto prazo.Ainda, por conta da recente comunicação do presidente do Fed, Jerome Powell, a casa não projeta mais 4 altas de 0,25% na taxa de juros em 2019 no país, mas 2 ou 3, com a taxa de juros nos EUA terminando o ano que vem entre 3,00% aa e 3,25% aa (ante 3,50% a.a. nas projeções anteriores).
Apesar dos dados americanos ainda serem positivos, Bicalho ressaltou que 2018 foi um ano de arrefecimento da economia mundial, em que apenas os EUA, dentre as grandes economias mundiais,conseguiram manter um ritmo acelerado de crescimento. Esse crescimento se deu muito em face dos estímulos fiscais aprovados pelo governo Trump e o impactoainda pequeno das altas na taxa de juros do país na sua economia real, dinâmica que deve se inverter em 2019 na sua opinião: com as medidas de estímulo perdendo a eficácia e o arroxo monetário começando a cobrar o seu peço, a economia americana deve desacelerar bastante, convergindo para um crescimento potencial de 1,6% (projeção da casa) no ano que vem; ao mesmo tempo, para o economista a União Europeia pode crescer um pouco mais que em 2018 com a diluição de riscos que afetaram o seu crescimento recentemente – principalmente o Brexit e o orçamento da Itália – , enquanto acredita também em uma nova onda de estímulos fiscais na China, visando a manutenção de um patamar decrescimento entre 6,00% e 6,50% no próximo ano.
Dado todo esse cenário, caso haja ainda um arrefecimento da guerra comercial entre EUA e China, poderia haver em 2019 uma apreciação de várias commodities,potencializando o crescimento dos emergentes de uma forma geral, que (salvo dinâmicas locais) foram impactados negativamente por uma série de eventos globais em 2018, indo desde fuga de capitais a desvalorização dos seus produtos de exportação.
CENÁRIO BRASIL (AURÉLIO BICALHO)
Para o Economista Chefe da Vinland, a capacidade de aprovação das reformas estruturais deve começar a ser analisada por 2 pilares: (1) econômico,onde viram sinais bastante positivos com a construção da futura equipe econômica do governo, e (2) político,que ainda é incerto pois depende da formação da base de apoio do governo no Congresso.
Observando ainda o pilar político, Bicalho ressaltou que o governo precisará manter uma popularidade alta nos próximos meses a fim de ter capital político para gastar na Reforma da Previdência, e que o novo governo precisa melhorar a sua comunicação institucional (ainda bastante confusa, na sua opinião) se quiser minimizar esse capital a ser gasto para isso.
A casa trabalha hoje com 3 cenários para a Reforma da Previdência: (1) a não aprovação da reforma, que acarretaria em uma crise fiscal no país já no curto prazo, com forte desvalorização dos ativos locais; (2) a aprovação rápida da reforma, que daria solvência ao país no curto e médio prazo e levaria à forte valorização dos ativos brasileiros já no primeiro semestre; e (3) a aprovação da reforma em 2019, mas apenas no 2º semestre, que é o cenário base da casa, o que não pressionaria a inflação, que poderia manter-se baixa no curto prazo, permitindo uma taxa Selic de 6,5% a.a. até 2020 e um crescimento potencial já no ano que vem de pelo menos 3.00%.
Por fim, o economista alertou que caso a reforma da previdência seja desidratada para acelerar a sua aprovação, o Brasil precisará de uma nova mini-reforma em 3 ou 4 anos, mas o cenário ainda seria positivo (o parâmetro para “reforma desidratada” é a atual reforma do governo Temer, que já está no Congresso). Segundo Bicalho, o governo precisa colocarem discussão a Reforma da Previdência logo no início do mandato, pois a demora para a sua aprovação irá começar a prejudicar a economia real ainda no ano que vem, deteriorando o capital político do governo e ameaçando a sua capacidade de aprovar qualquer reforma mais para frente.
POSICIONAMENTO DO FUNDO
MACRO
Após perdas com posições globais no início do ano passado, o fundo vem trocando a sua exposição e desde setembro vem concentrando risco em ativos locais.
Hoje as maiores posições são:
1. Juros Local: Aplicados (vendido em taxa e comprado em PU) na parte curta da curva via contratos de DI Futuro com vencimento no final de 2019.
2. Juros Globais: Tomados (comprado em taxa e vendido em PU) na parte curta da curva americana, operando a inclinação da curva mexicana (aplicados na parte curta e tomados na parte intermediária) e tomados na curva chilena.
3. Ações Brasil: Comprados na bolsa local via carteira do Vinland Long Biased.
Os books de câmbio (Latam e Global) vêm sendo operados apenas de maneira tática, sem exposições estruturais.
LONG BIASED
Os gestores não abriram posições específicas.
Hoje o fundo está posicionado com 50% net long (posição que pode oscilar entre 30% e 70%) e está com 90% de gross exposure.
No fechamento do último mês,estava com aproximadamente 30 ações em carteira, entre posições compradas e vendidas, sendo que a maior posição comprada compunha aproximadamente 10% da carteira e a soma das 5 maiores posições era um pouco inferior a 25% do fundo.
Time de Análise - MZR