Autonomia dos "family offices" atrai investidores

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É com base principalmente no mote da independência que as consultorias e gestoras de fortunas não vinculadas a bancos montam suas estratégias para crescer. A customização de serviços, a proximidade com o cliente e a redução da possibilidade de conflitos de interesse fundamentam o trabalho das empresas de wealth management e das assessorias para criação e manutenção dos chamados "family offices".

"A demanda está concentrada em mais independência, maior agilidade, acesso diferenciado aos produtos de atacado e alinhamento legítimo de interesses", afirma Rogério Zanin, sócio da GPS Investimentos. Segundo Zanin, a estabilização da Selic em 6,5% ao ano tirou os investidores de alto patrimônio da zona de conforto - eles têm agora que procurar alternativas melhores para seus recursos. E, muitas vezes, fora dos "bancões".

Os serviços por elas prestados dividem-se a depender das necessidades dos clientes. Alguns podem optar pelo modelo completo, que inclui aconselhamento, assessoria para sucessão e planejamento tributário, seleção de ativos e gestão do portfólio propriamente dita; outros podem ficar apenas com a assessoria para a estruturação e o acompanhamento dos resultados da gestão dos investimentos de um family office.

A regulação dos serviços prestados pelas casas independentes varia de acordo com a área em que atuam. Se englobam uma distribuidora de valores mobiliários (categoria de instituição financeira), estão sob as regras do Banco Central. Para os serviços de gestão de recursos, as normas que devem seguir são as da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que se encarrega também da fiscalização do trabalho de consultoria de valores mobiliários. Os profissionais desses segmentos devem estar devidamente credenciados para prestar os respectivos serviços.

Contar com uma estrutura de governança ajuda as famílias credenciadas para integrar o segmento de private a administrar melhor seu patrimônio - há correlação entre a existência de diretrizes formais de administração e gestão do patrimônio com retornos melhores. É o que sugere o primeiro estudo brasileiro relacionado a family offices, produzido em 2018 pela ISE Business School e pela Ineo com entrevistas com representantes de 24 deles. Essa estrutura de governança inclui pontos como a existência de um conselho de família e de um comitê de investimentos e a experiência de investimento conjunto com outras famílias.

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