Com a liderança da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, chegando ao fim, o espectro de um Brexit sem acordo parece, mais uma vez, aproximar-se. A maioria dos deputados se opõe a esse cenário. Os empresários estão aterrorizados com essa hipótese. Mas os candidatos que lutam neste momento para substituir May na liderança estão falando de uma saída abrupta, depois de quase três anos de negociações inconclusivas do Brexit.
O Reino Unido não precisa de um acordo para sair da União Europeia (UE). O Brexit vai acontecer dia 31 de outubro, a não ser que o Reino Unido escolha uma de três opções para evitar esse desfecho. O país pode chegar a um acordo, pedir aos outros 27 governos da UE mais um adiamento, ou decidir, unilateralmente, cancelar o Brexit.
Os maiores apoiadores do Brexit olham para uma saída sem acordo como um bilhete para um futuro auspicioso, livre do braço regulador da UE. Isto significaria não haver negociações meticulosas sobre a fronteira irlandesa ou dar bilhões de libras em dinheiro dos contribuintes britânicos para pagar as antigas responsabilidades para com o orçamento da UE. Sim, dizem os apoiadores de uma saída sem acordo, poderá haver problemas no curto prazo enquanto os laços legais estiverem por definir. Mas os benefícios de longo prazo de uma saída sem acordo superam os riscos.
Para outros, incluindo responsáveis seniores do governo, como o ministro de Finanças do Reino Unido, Philip Hammond, um cenário sem acordo deve ser evitado a todo o custo. Isto significaria tarifas sobre as importações e exportações para a UE, bem como inspeções aduaneiras e regulamentares que afetariam o comércio do Reino Unido.
Uma saída sem acordo parecia ter sido afastada para a margem do debate do Brexit quando May completou as negociações com Bruxelas no ano passado. A primeira-ministra pediu duas vezes à UE mais tempo para conseguir ganhar o apoio dos deputados rebeldes que, repetidamente, rejeitaram o acordo negociado, adiando a data-limite do Brexit de 29 de março para 31 de outubro.
Mas o impasse do Parlamento sobre o Brexit encontrou maioria para um ponto: que o Reino Unido não deve sair do bloco sem um acordo.
Boris Johnson, o favorito para substituir May, disse que uma saída sem acordo está mais próxima da visão dos eleitores sobre o Brexit. O político afirmou, na sexta-feira, que o Reino Unido tem de se preparar para sair dia 31 de outubro se a União Europeia não renegociar o acordo.
Dominic Raab, ex-ministro para o Brexit que também é candidato ao cargo de premiê, disse que prefere uma saída sem acordo se a União Europeia não desistir da exigência de um "backstop" indefinido para evitar que sejam necessárias, após o Brexit, inspeções aduaneiras, entre outras, na fronteira entre a Irlanda do Norte, território britânico, e a República da Irlanda, membro da UE.