Call realizado por Ian Caó, sócio responsável pela gestão de renda fixa
Introdução
A Gama é uma gestora independente especializa na gestão de créditos privados. Fundada em 2018, o time conta hoje com 6 pessoas, sendo 3 diretamente ligadas ao time de gestão. A frente da asset está Marcos Falcão, ele iniciou sua carreira no banco Garantia na década de 80 como analista de microeconomia até trabalhar no banco Icatu, por onde permaneceu por 11 anos. Ele passou ainda pela mesa de trading do Banco do Brasil e trabalhou em Nova Iorque no braço de investimentos da Icatu. Focada no estudo micro aprofundado dos emissores, a asset busca entregar retornos consistentes via mercado primário e secundário de renda fixa.
Sobre o fundo Gama Top
No mês o fundo rendeu 0.84%, ainda se beneficiando bastante das distorções apresentadas na crise. O mtm (marcação a mercado) no book de setor corporativo foi o grande responsável pela alta. Vale dizer, que desde o auge da crise o fundo já rendeu próximo a 7%.
As principais contribuições positivas na carteira vieram dos papeis de: Vamos, Unidas, Light, Klabin e Smartfit. De acordo com o gestor, o retorno não está atrelado a parte micro, mas provavelmente ligado a questão de liquidez e vendas forçadas ao longo dos últimos meses.
O Book de Letras Financeiras de emissões bancárias teve remarcação negativa de 0.2% diretamente correlacionado a curva de juros brasileira, que em agosto sofreu com os impactos políticos e na pauta de sustentação fiscal do país. Neste sentido, não houve nenhum quesito micro que pudesse impactar diretamente a precificação dos papeis.
Entende-se que a distorção em ativos atrelados ao CDI é significativa, logo, também atuam na classe como forma de proteção da carteira. Além disto, entendem que precificação e retornos dos créditos devem ser analisados puramente em cima da saúde financeira da empresa, algo que a classe CDI não garante.
No mais, possuem convicção na solvência dos ativos do portfólio e acreditam que disfuncionalidade do mercado foi muito mais em cima do cenário macro que vivemos. Já observaram uma forte retomada nos preços ao longo dos últimos meses, tendo em vista o spread de 450bps para os atuais 200bps líquidos de spread da carteira.
Foca-se agora em entender qual será o spread de equilíbrio. A intenção da asset, de acordo com Ian, é se basear em mercados mais maduros e desenvolvidos. Entendem também que parte da volatilidade nos créditos brasileiros passa por uma maior transparência de preços que até pouco tempo não existia. Com o choque entrando nas expectativas, entendem que dificilmente teremos emissões abaixo de 100% do CDI já líquido de IR. Além disto, enxergam o equilíbrio de volatilidade próximo a 3% e sharpe entre 0.8 a 1, com carrego médio entre 1 a 1.5 para ambiente de créditos HG (High grade).
Observaram também quase nenhum evento de crédito em uma das piores crises que vivemos ao longo das últimas décadas. O que reforça a visão positiva de consolidação dos créditos que detêm. Dado o grau de convicção o percentual de caixa do fundo foi menor que a média histórica, pois acreditavam em uma rápida normalização.
Para o cenário futuro, enxergam agora uma recuperação um pouco mais lenta, com algo próximo a 2% adicional a ser recuperado nos próximos 2 a 3 meses até o carrego atual do fundo próximo a 215 pontos líquidos com duration de 2.5 anos em média. Certamente irão reduzir o caixa para algo entre 10 a 20% do PL total do fundo.
Time de Análise - MZR