Call - Vinland Capital

Gestoras

Call entre Aurélio Bicho, economista chefe da Vinland Capital e MZR Consultoria

Sobre a gestora:

A Vinland é uma gestora independente de recursos fundada em março de 2018. Os fundadores da asset são André Laport (ex-Goldman Sachs) e James Oliveira (ex-BTG). A gestora hoje conta com 4 estratégias centrais: Multimercado, Long only, Long biased e Previdência.

Aurélio Bicalho é Mestre em economia pela FGV-RJ. Iniciou seu trabalho no Itaú em 2004 e tornou-se sócio em 2012. A partir de 2014 foi responsável pela análise econômica do fundo Gauss no CSHG, onde permaneceu até sua ida para a Vinland em 2018.

Comentários:

Na conversa de hoje, Aurélio tentou abordar pontos centrais como a reformas administrativa, a reforma tributária, a situação fiscal do país, assim como a visão macroeconômica da gestora.

De acordo com a asset, nunca se viu um presidente dizer que 99.5% das decisões do ministério da economia serão do próprio Ministro da pasta. Estamos com uma dívida elevada, mas pensam que estamos em um momento que facilite o ajuste fiscal mais a frente. O cenário que viola o teto, de acordo com a Vinland é o cenário que o time do ministério não continua. Além disto, Rodrigo Maia já demonstrou que não vota nada para violar o teto dos gatos. Temos hoje muitos ruídos, mas o processo de permanência do teto vai continuar. De acordo com Bicalho, é importante avançar com projetos da PEC do federativo e a PEC emergencial, fatores que ajudam o controle dos orçamentos. Aurélio disse também que o orçamento hoje é muito engessado no país e o debate com relação ao teto caminhou de forma errada, em parte por causa do governo. A Vinland diz que o teto não proíbe o governo em determinar onde serão os investimentos, mas na verdade só diz o limite que se pode gastar.

Durante a pandemia, a asset reforçou a ideia de que o governo se movimentou, a relação com legislativo melhorou, além de terem visto pessoas experientes começando a fazer negociações. Isso tudo aconteceu em meio à turbulência de uma possível saída de PG. Para a gestora as reformas administrativa e tributária são projetos que vão demorar, mas que podem avançar mais ano que vem.

Os fundamentos básicos, de acordo com Aurélio são: time econômico com uma visão muito clara e diferente de governos anteriores. Time eleito com plataforma de Guedes desde o início. Presidente não tem visão, mas admite isso, enquanto Dilma, por exemplo, time uma opinião e a opinião era muito ruim.

Congresso: aprovou uma reforma da previdência muito boa e lideranças apoiam a pauta de teto de gastos. Não é um congresso que tende a romper a agenda fiscal.

Risco principal: menos de termos o avanço de uma agenda de deterioração fiscal, risco é de a pauta não andar muito.

Eleição municipal: historicamente no Brasil existe uma relação muito forte entre eleição municipal e a formação do congresso 2 anos depois. Em 2016 tivemos vitória do Dória etc., e em 2020 tivemos vitória forte da direita vs esquerda. Foco sobre a eleição pode atrapalhar no andamento das reformas para esse ano. Além disto, a reforma administrativa e tributária não deve andar em períodos como esse, por isso deve ficar tudo para o ano que vem, pois são reformas difíceis de andar.

Outro ponto citado foi que nenhum congresso consegue fazer reformas o tempo todo, pois gera desgaste. Ainda assim, fizemos várias, da previdência a outras PECs durante o período da pandemia. À medida que chegamos mais perto das eleições de 2022, pautas podem começar a ficar um pouco mais difíceis de caminhar.

Para Aurélio, o foco hoje é evitar que as PECs que estão lá não deteriorem as contas públicas. Tirar o risco de rompimento do teto é primordial. A reforma tributária e a reforma administrativa vão tentar andar em paralelo. A Tributária deve avançar com maior chance e administrativa vai vir depois se tiver chance. Ou seja, depois que reforçarmos a questão do teto, avançamos nas outras duas.

Bicalho acredita que PG continue e teto se mantenha. A partir dessa premissa, taxa de juros deve continuar nos 2% por um bom tempo e não vai haver pressão de demanda. Sobre o prêmio de risco contaminado pelos ruídos fiscais, a asset diz que se as agendas avançarem prêmio de risco tende a ceder. Importante neste caso trazer o contexto global: choque extraordinário de dívida pública no mundo inteiro, todos os países estão piores. Segundo ponto para Aurélio é a mudança de política monetária do FED e a decisão de não mexer na política monetária. O objetivo agora é buscar pleno emprego, ou seja, se não houver inflação o FED não vai mexer nos juros. Por outro lado, se a inflação ficar um pouco acima da meta, ainda assim os juros podem ser mantidos.

Na conversa Bicalho também destacou que outros bancos centrais devem começar a se mexer nessa mesma direção (Canada, Suécia e Europa já pensando em algo na mesma linha). Temos atualmente ampla liquidez, os juros baixos devem permanecer baixos por muito tempo, o que para emergentes é muito positivo. Para a asset, casando a agenda do pacto federativo, gatilhos e teto sustentável, nossos juros ficam também baixos por mais tempo e a curva de juros tendem a começar a ceder.

Sobre o Dólar nesse cenário, com as commodities subindo bastante (relevante para pauta de exportação), o déficit em conta corrente já virou superávit. Apesar do ruído político, ambiente internacional que pesa no risco pais, já diminuiu e está abaixo de 200. Por fim, acreditam em um juro de equilíbrio de 6% a.a. e um dólar de R$4,50.

Time de Análise - MZR

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