Campos quer mercado de capitais mais competitivo

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Depois de herdar um quadro macroeconômico bastante confortável, com inflação contida e expectativas ancoradas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deve concentrar esforços em uma grande reforma no mercado de capitais do país. A ideia do comandante da autarquia é atrair mais pessoas para o segmento e torná-lo mais competitivo, num processo de democratização de acesso ao capital.

"Existe uma correlação entre tamanho do PIB e dos mercados. Para cada 10% de crescimento do mercado privado, tem mais ou menos 0,3% ou 0,4% do PIB", afirmou Campos, durante o Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. Toda essa reforma também passa pelo aumento da iniciativa privada, substituindo um espaço deixado pelo Estado. "Quando se retira dívida pública e substitui por dívida privada, existe um fator multiplicador", disse, ao indicar a decisão do BNDES de diminuir sua participação no mercado de crédito.

Para a agenda de inclusão, ele afirmou que o BC deve se concentrar, entre outras medidas, em iniciativas de microcrédito e corporativismo. Outro ponto é a simplificação cambial para ter uma moeda conversível mais para frente. Já na dimensão de diversificação, ele citou pagamentos instantâneos, open banking, garantias e segurança cibernética.

Para Campos, os bancos têm balanços engessados, que dificultam o acesso ao mercado de capitais. "Existem vários tipos de direcionamento de crédito nos balanços dos bancos". Para ele, isso é o "Brasil fomentando o mercado da meia entrada. A meia entrada é boa, mas para quem paga a inteira é mais caro", diz.

Roberto Campos Neto afirmou ainda que a discussão sobre a autonomia formal da instituição está madura, que o projeto está avançado e que essa mudança traria enorme ganho de credibilidade para o Brasil, além de permitir um juro estrutural mais baixo. "Queremos consolidar os ganhos em inflação, manter o sistema financeiro sólido, ter um BC autônomo e transparente e queremos mais empreendedores e menos atravessadores. Precisamos achar soluções privadas para problemas públicos", completou.

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