Comitê Global de Alocação XP Advisory - Fevereiro 2021
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Para Paulo Leme, numa leitura geral, a perspectiva para os mercados globais é otimista. Acredita que 3 pontos importantes sustentam a recuperação. Sendo o primeiro a saúde pública: prevê que no segundo trimestre estaremos em uma situação bem melhor de contenção da curva e de reabertura da atividade. O segundo é o potencial do FED e BCE. Acredita que, mesmo com alguns acidentes no meio do caminho, como o que aconteceu com a GameStop, teremos novos estímulos fiscais por parte dos EUA e menor grau na Europa. Por último, os estímulos fiscais e monetários continuarão a expandir a liquidez global, o que aumentará o preço dos ativos de risco. Um ponto que o preocupa é a disfuncionalidade do aparato político global. Nos EUA é evidente, principalmente como o governo Biden tem um bom plano de atuação. Outro ponto que chama atenção, mas mais benigno que os outros, é o crescimento econômico que gera consequências em curto prazo se o gestor tiver yields muito baixos no bônus e com duração alta.
Para Artur Wichmann, o sinal que veio do mercado de ações não foi confirmado no mercado de commodities nem no de renda fixa, já que esses dois indicadores não mostram nada maligno. Com base no Índice Bloomberg de Commodities, esse mercado não parece estar dando nenhum sinal de fraqueza da demanda agregada global. De acordo com o título soberano americano de 10 anos, o mercado de renda fixa teve dois dias de susto, quando chegou a bater um pouco abaixo de 1,0, mas se recuperou e está normalmente em uma trajetória crescente. Porém, é possível ver uma diminuição de posição bruta nos fundos desde março do ano passado: os fundos estavam na busca por um pouco mais de retorno com posições brutas elevadas e tomaram um choque, principalmente pela atuação dos traders da hobinhood. Artur defende que o modus operandi tem que ser mudado daqui pra frente e os gestores precisam ter consciência que quando operar um fundo long short, o risco de tomar um short squeeze é alto, dado que tem um novo tipo de player no mercado.
Na carteira, o time fez alterações mais significativas do que costumam fazer. Thiago Favery comentou que reduziram alocação em renda fixa, porque esses ativos são vulneráveis a uma inclinação da curva de juros dos EUA. Reduziram a alocação em títulos de emissores com alta qualidade de crédito e vencimentos mais longos, 6/7 anos (-11 p.p.) e aumentaram a alocação em títulos de curto prazo, 2,5/3 anos (+6 p.p.). Atualmente a alocação de renda fixa possui posições em títulos de curto vencimento (21,0%), títulos de mercados emergentes (8,0%), fundos com mandato flexível (7,0%) e títulos de menor qualidade de crédito (5,0%). Na parte de renda variável, o comitê aumentou 2,5 p.p. em renda variável em mercados emergentes, sendo 6,0% em Ásia Emergente e 4,0% em China, porque acreditam que esta região será o centro do crescimento e das inovações mundiais. Eles continuam bastante confortável com a exposição de renda variável, mantendo uma posição acima do neutro em ações americanas (30,0%) e 5,5% em Europa. Continuam com as proteções, hoje tem cerca de 50% da carteira de renda variável é protegida através de estruturas de derivativo, possuem spread equivalente a 3600/3400 pontos. Essas estruturas, junto com a pequena posição de caixa (inalterada de 3,5%), pequena posição de ouro (cortaram à metade a posição de ETFs de ouro, para 1,5%) funcionam como os pilares de proteção. Também aumentaram a exposição à estratégia de alternativos (+4 p.p), chegando a 10,5% do portfólio. Cerca de 90% desta posição é composta por um fundo hedge de event-driven e outro fundo de hedge macro descorrelacionado. O objetivo principal foi a busca por ter um portfólio mais equilibrado. Essas mudanças reforçam a preocupação com a renda fixa, principalmente com o aumento das taxas mais longas e com o impacto que isso teria no portfólio.
Sobre a performance do fundo, no mês de janeiro ele teve queda de 0,4%, principalmente reflexo da correção da última semana do mês. Mas nesse início de fevereiro, já recuperaram esse resultado negativo e estão com uma performance de cerca de 1,0% positiva no ano.
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