Cerca de três quartos dos economistas ouvidos em pesquisa mensal do "The Wall Street Journal" esperam que o próximo movimento do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) com relação aos juros será um corte, que deve ocorrer até o próximo outono no hemisfério norte, que começa em setembro. Em maio, cerca de metade projetava uma redução de juros.
Apenas 2 de 46 economistas ouvidos esperam redução da taxa de referência do Fed já na reunião da semana que vem, nos dias 18 e 19, enquanto quase 40% acreditam que o primeiro corte virá em julho e cerca de 30% o esperam para setembro.
Desde dezembro passado, o Fed tem mantido a taxa de juros de referência de curto prazo entre 2,25% e 2,50%. Em média, os economistas ouvidos na pesquisa esperam que a taxa de referência caia a 2,12% até o fim do ano, e a1,96% até o fim de 2020, o que indica expectativa de apenas um corte este ano eoutro no próximo.
Segundo dados do CME Group, os contratos futuros dos fed funds indicam 22,5% de probabilidade de corte na reunião de junho e de 86% de ao menos um corte até a reunião seguinte, programada para os dias 30 e 31 de julho.
A maioria dos economistas ouvidos estão pessimistas quanto a benefícios de longo prazo que possam derivar da política protecionista perseguida pelo presidente dos EUA, Donald Trump. De acordo com a pesquisa mensal, quase 73% dos economistas consultados não esperam benefícios de longo prazo que venham a compensar os danos de curto prazo à economia americana decorrentes da política tarifária.
Para Gus Faucher, economista-chefe do PNC Financial Services, o dano derivado da crescente incerteza e sobre a perspectiva de crescimento da produtividade implica pouco ganho econômico de longo prazo.
No mais recente levantamento do "WSJ", os economistas ouvidos veem risco de 30,1% de que uma recessão venha a ser iniciada nos próximos 12 meses, o maior nível de risco desde o fim de 2011, com quase dois terços dos participantes apontando tarifas ou o comércio exterior como o principal fator de risco para as projeções.
Russell Price, economista-chefe da Ameriprise Financial,considera que a China precisava ser confrontada, mas em coordenação com aliados dos EUA. "As tarifas não beneficiam ninguém, nem a economia dos EUA nem a receita do governo, e certamente não beneficiarão também a China", diz.
"O dano à confiança e à cooperação internacional pode ser difícil de reverter", diz Lynn Reaser, da Loma Nazarene University e ex-economista-chefe do Bank of America (BofA).
Quase 40% dos ouvidos (39,6%) esperam que as sobretaxas impostas pelos EUA permanecerão ao longo dos próximos 12 meses, enquanto 37,7% esperam aumento e 22,6%, redução. Pouco mais da metade (53,4%) considera que a inflação permanecerá em torno do mesmo nível no médio prazo, enquanto 44,8% esperam elevação.
"O poder de repassar custos está enfraquecido", diz Joshua Shapiro, economista na Maria Fiorini Ramirez Inc, para quem as"tarifas atingirão principalmente as margens de lucro, com efeito desinflacionário".
Quase metade dos entrevistados (48,8%) considera que a próxima recessão nos EUA acontecerá em 2020, comparada a pouco mais de um terço na pesquisa realizada em maio, enquanto 36,6% antecipam que o ciclo negativo começará em 2021. Apenas 5% consideram que a recessão começará ainda em 2019,comparados a pouco mais de 2% que assim pensavam em maio.
A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 11 de junho com um total de 59 economistas da academia, do setor financeiro e empresarial. Nem todos responderam a todas as perguntas.