A demanda elevada por papéis de crédito privado e a queda no volume de emissões de debêntures neste início de ano fizeram com que as últimas ofertas fossem bastante disputadas por investidores. Se por um lado esse cenário levou a uma redução do custo de captação para as empresas, por outro impôs um desafio aos gestores na tarefa de preservar a rentabilidade dos fundos de crédito privado.
As emissões de dívida no mercado local têm crescido a uma velocidade inferior ao dos fundos de crédito privado e provocado uma compressão das taxas nos mercados primários e secundários de debêntures, afirma Fausto Silva Filho, sócio e gestor de renda fixa da XP Asset Management.
Com a busca por retornos maiores, o patrimônio dos fundos de crédito privado livre cresceu 19% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, segundo a Anbima, chegando a R$ 106,7 bilhões.
Para manter o retorno dos fundos, os gestores têm recorrido a pelo menos duas saídas: buscar títulos oferecidos por emissores novos ou com prazos maiores - que pagam mais por trazer mais risco - ou fechar as carteiras para novos aportes.
Outra opção tem sido aumentar a alocação em títulos bancários. A gestora JGP comprou letras financeiras perpétuas do Bradesco na oferta primária no fim do ano passado e teve ganho de 402% do CDI com a valorização do ativo no mercado secundário em novembro. As financeiras também voltaram a captar. A Omni fez uma ofertas de R$ 150 milhões em letras financeiras com prazo de dois anos.
Segundo os gestores, apesar da queda de 67% das emissões de debêntures em janeiro na comparação com o mesmo período do ano passado, o volume de operações deve ser melhor em fevereiro. "Há uma retomada das ofertas de debêntures e de letras financeiras por parte de bancos, o que deve ajudar a equilibrar a oferta e a demanda por papéis de crédito privado", afirma Eiras.