Desaceleração na UE pode se tornar algo mais sério

Cartas Mensais

Após uma expansão mundial que começou de maneira atordoante, agora o nervosismo toma conta das principais economias em uma onda perversamente sincronizada. Sinais de problemas na China e nos EUA são acompanhados por um período cada vez mais prolongado de fragilidade da zona do euro, uma economia que levou mais tempo do que as outras duas para se recuperar após a crise financeira mundial e que vem exibindo um desempenho suficiente, mas não espetacular, desde então.

Dados sugerem que o crescimento da zona do euro encerrou o ano num ritmo muito fraco. Em certa medida, os protestos dos "coletes amarelos" na França contribuíram para deprimir os indicadores de atividade dos gerentes de compras de toda a zona do euro, que são, de modo geral, um bom indicador antecedente do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, reduzir essa fragilidade a fatores temporários, como manifestações na França, mostrou-se inadequado em ocasiões anteriores.

Por vários anos, a Alemanha foi uma das locomotivas de crescimento mais confiáveis do bloco da moeda única europeia - embora, segundo acusação dos críticos, em parte à custa de outras economias da zona do euro, por ampliar suas exportações dentro do bloco. Uma série de turbulências registradas a partir do terceiro trimestre do ano passado foram inicialmente atribuídas a eventos não recorrentes. Em especial, um novo conjunto de regulamentações para as emissões desestabilizou a produção da indústria automobilística.

Mas quanto mais essa fraqueza persiste, mais a desaceleração aparente ser estrutural. Dados publicados na semana passada mostram que a produção industrial da Alemanha caiu significativamente e que tanto suas exportações quanto as importações se contraíram em novembro. As tensões em torno do comércio mundial não foram, sem dúvida, de nenhuma ajuda, mas a fragilidade parece ter bases mais amplas. A Alemanha talvez tenha registrado uma recessão técnica - dois trimestres de queda do PIB - no segundo semestre do ano passado.

Mas, de modo geral, embora o BCE provavelmente tenha salvado a economia da zona do euro do colapso total, não é um bom sinal que a continuidade da recuperação esteja claramente em dúvida. Está se esgotando o tempo antes das eleições para que a economia corrobore a postura dos otimistas, para que a fragilidade prove que é temporária e para que a expansão sistemática, embora nada extraordinária, seja retomada.

Outras Publicações