Fechamento de Mercado (03/06/2019)

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Juros

O mercado vem há duas semanas tirando prêmio de risco dos juros futuros e deixa clara a aposta dos investidores de que o Banco Central cortará a taxa básica de juros ainda em 2019. Pela primeira vez desde o início do debate sobre a flexibilização monetária, os ativos passaram a embutir nos preços de forma mais evidente este cenário e os contratos futuros apontam para redução de 0,30 ponto percentual da Selic até dezembro.

A mediana das projeções para o PIB deste ano da pesquisa semanal Focus, que reúne as estimativas do mercado, foi reduzida pela 14ª vez consecutiva e passou a indicar um crescimento de 1,13% do PIB. Analistas destacam que choques pontuais sobre indicadores de inflação estão se dissipando, abrindo espaço para uma flexibilização do discurso do Banco Central. O IPCA de maio, que será divulgado nesta sexta-feira (7), já deve vir num intervalo de 0,15% e 0,20%, diz Rafael Gonçalves Cardoso, economista da Daycoval Investimentos. E a expectativa é de números ainda mais baixos para junho. “Deve vir próximo de zero, com chance de deflação.

Todo esse contexto ainda conta com o benefício de um cenário de juros baixos nos Estados Unidos, que alivia a pressão ao dólar e contribui para uma inflação mais contida por aqui. As questões macroeconômicas, no entanto, só ganham espaço por causa do otimismo recente com a aprovação da reforma, vista como imprescindível para que as taxas de juros fiquem estruturalmente mais baixas.

DI1F20: 6,26% (- 7 bps)

DI1F21: 6,40% (- 14 bps)

DI1F23: 7,34% (- 24 bps)

DI1F25: 7,91% (- 23 bps)

DI1F27: 8,26% (- 22 bps)

Câmbio

O dólar futuro (DOLN19) fechou o pregão na marca de R$ 3,894, uma queda de -1,04%, num dia de fraqueza global para o dólar em meio ao aumento de apostas de corte de juros em breve nos Estados Unidos. Internamente, o movimento se repetiu e a moeda brasileira encerrou o dia no menor patamar em quase dois meses, monitorando os eventos políticos.

As demais divisas emergentes tiveram comportamento majoritariamente parecido: o rand sul-africano se apreciou 0,85% e o peso chileno, 0,90%. Na outra ponta, o peso mexicano e o argentino foram praticamente as únicas a ceder contra o dólar neste pregão, recuando 1,18% e 0,38%, respectivamente.

Esta tarde, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou que um corte na taxa de juros pode acontecer "em breve" para ajudar a inflação a voltar à meta no país. O dirigente, que tem direito a voto este ano e é conhecido por sua postura "dovish", favorável a uma política monetária mais frouxa, afirmou a perspectiva é que os EUA cresçam mais lentamente e com maior risco devido às disputas comerciais vigentes. As declarações de Bullard foram na mesma direção de indicadores divulgados mais cedo da indústria dos EUA. O ISM da indústria recuou de 52,1 para 52,1 em maio, ante consenso de 52,3. Já o PMI da Markit cedeu a 50,5 na mesma comparação, menor patamar desde setembro de 2009. Perto do encerramento, o índice DXY do dólar recuava 0,55%, 97,21 pontos.

Bolsa

O Ibovespa fechou estável nesta segunda-feira, com Vale (VALE3) e JBS (JBSS3) entre as maiores quedas e ofuscando o efeito positivo da alta de Petrobras, em pregão marcado por expectativas para a pauta política e fraqueza de Wall Street.

Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa começou junho com variação negativa mínima de 0,01%, a 97.020,48 pontos. O volume financeiro somou 14,3 bilhões de reais. O índice terminou maio com alta de 0,7%, o primeiro fechamento positivo para o mês em nove anos.

Agentes financeiros começaram o mês atentos a votações de medidas provisórias no Congresso Nacional, tendo no radar as últimas semanas de análise da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados, com relatório final previsto para até o dia 15.

Entre as votações, está a da MP 871, que perderá a validade se não for aprovada no Senado nesta segunda-feira. Ela trata do combate às fraudes no INSS e o governo a vê como importante e complementar à reforma da Previdência.

No exterior, a semana iniciou sem tendência clara, com disputas comerciais envolvendo Washington ainda no radar, assim como dados econômicos norte-americanos e declarações relacionadas à política monetária dos Estados Unidos. Wall Street acabou encerrando com os principais índices no vermelho, com destaque para o Nasdaq, afetado ainda por apreensões quanto a um potencial inquérito regulatório em gigantes da internet como Alphabet (GOOGL) e Amazon (AMZN).

Vale desvalorizou-se 0,35%, em dia de queda dos preços do minério de ferro na China. JBS caiu 2,93%, após notícia de que o Ministério da Agricultura do Brasil suspendeu exportações de carne bovina do país à China após a confirmação de um caso atípico de doença de "vaca louca" em Mato Grosso. Marfrig (MRFG3) teve queda de 4,25% e Minerva (BEEF3) recuou 2,8%. Petrobras ON (PETR3) subiu 2,2% e Petrobras PN (PETR4) avançou 1,72%, apesar da piora dos preços do petróleo no exterior. No radar está decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) prevista para esta semana sobre vendas de ativos da petrolífera de controle estatal.

Via Varejo (VVAR3) fechou com elevação de 5,53%, em meio a especulações na mídia sobre interessados em adquirir a rede de móveis e eletrodomésticos. Braskem recuou 3,69%, penalizada pelo acordo de leniência firmado na semana passada com a Advocacia-Geral da União e com a Controladoria-Geral da União, que prevê mais 1,54 bilhão de reais em pagamentos. A empresa também enfrenta paralisação de unidade de produção em Alagoas.

Fontes: Valor e Reuters

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