Juros
Após um movimento de queda nas taxas por quase 20 dias, os ativos de renda fixa passaram por um leve ajuste no pregão desta quarta-feira (5) e as taxas dos DIs encerraram a sessão regular em alta.
“O movimento foi muito rápido nos últimos dias. Dado que não tivemos nenhuma mudança relevante no cenário, faz sentido o retorno que estamos observando”, afirmou um estrategista que preferiu não ser identificado. “Descolamos do exterior nos últimos três dias e estamos recuperando a diferença. É um movimento técnico”, completou. Os dados do PMI de serviços dos Estados Unidos e os dados de petróleo influenciaram o movimento dos ativos de risco no exterior e auxiliaram na realização vista no mercado local.
A discussão sobre atividade fraca, inflação e eventual corte da taxa básica de juros continua no radar dos investidores de juros futuros. Uma discussão que começa a entrar no radar do mercado é a próxima decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a meta de inflação. O CMN deve determinar, no fim do mês, a meta para o ano de 2022 e a decisão pode ser a de reduzir o patamar de 3,75% de 2021 para 3,5% no ano seguinte.
DI1F20: 6,28% (+ 4 bps)
DI1F21: 6,46% (+ 6 bps)
DI1F23: 7,37% (+ 4 bps)
DI1F25: 7,94% (+ 6 bps)
DI1F27: 8,32% (+ 8 bps)
Câmbio
O dólar futuro (DOLN19) fechou o pregão na marca de R$ 3,8890, uma alta de 0,69%. Após três sessões consecutivas de queda, o dólar registrou uma correção neste pregão. O movimento foi auxiliado tanto por notícias no exterior como da política interna.
O comportamento do mercado local foi bastante semelhante ao do dólar contra as demais emergentes no exterior, em especial o rand sul-africano (1,69%) e o peso argentino (0,51%).
O movimento ganhou força pela tarde com uma sequência de notícias vindas de Brasília, incluindo a aprovação da PEC do Orçamento Impositivo na Câmara, o início da sessão conjunta que analisa os 24 vetos presidenciais e relatos de que o governo estuda flexibilizar o teto de gastos após a aprovação da reforma da Previdência. Além disso, pesou a decisão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) da Câmara de adiar a votação do projeto de lei que autoriza a abertura de crédito suplementar para o governo evitar descumprir a chamada regra de ouro. A análise ficou para a próxima semana antes mesmo da leitura do parecer do relator Hildo Rocha (MDB-MA).
Bolsa
A bolsa fechou no vermelho nesta quarta-feira, enquanto investidores aguardam novidades efetivas na pauta política, principalmente sobre a reforma da Previdência.
O Ibovespa caiu -1,42% , a 95.998,75 pontos. O volume financeiro no pregão somava 12,7 bilhões de reais. Nos últimos quinze dias de maio, o Ibovespa subiu quase 8%, o que garantiu que fechasse o mês no azul, quebrando uma série de nove anos em que terminou o período com perdas acumuladas. Profissionais de renda variável entenderam o movimento nesta sessão como realização de lucro.
Nesta quarta-feira, contudo, o Comissão Mista de Orçamento (CMO) suspendeu reunião para discutir projeto que autoriza operações de crédito a fim de evitar a violação da regra de ouro, corroborando as vendas na bolsa. O Ministério da Economia divulgou nota após o fechamento do mercado para dizer que não encaminhará qualquer mudança na lei do teto dos gastos para excluir investimentos do limite de despesa. A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia o Orçamento Impositivo, ao tornar obrigatória a execução de emendas parlamentares de bancada.
O pregão brasileiro descolou de Wall Street, onde o tom continuou positivo, com apostas em corte dos juros pelo Federal Reserve após dados de emprego do setor privado norte-americano e expectativa de acordo comercial entre Estados Unidos e México.
Petrobras PN (PETR4) recuou 1,3% e Petrobras ON (PETR3) caiu 1,4%, em meio ao forte declínio dos preços do petróleo no mercado internacional, com agentes também acompanhando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) com efeito em vendas de ativos da petrolífera de controle estatal.
Banco do Brasil (BBAS3) encerrou com declínio de 2,8%, pior desempenho entre os bancos listados no Ibovespa, enquanto Itaú Unibanco PN (ITUB4) e Bradesco PN (BBDC4) fecharam em baixa de 1,9% e 1,5%, respectivamente.
Vale (VALE3) caiu 1,5%, acompanhando o movimento de papéis de mineradoras na Europa. A companhia identificou um aumento no grau de segurança da barragem Vargem Grande, na mina de Abóboras, em Nova Lima (MG), o que levou à redução do nível de alerta do Plano de Ação de Emergência (PAEBM) da unidade.
Via Varejo fechou em baixa de 4,3%, conforme segue suscetível a especulações relacionadas a venda da participação do GPA (PCAR4) na rede de móveis e eletrodomésticos. No ano, até a véspera, os papéis acumulavam elevação de 10,7%. GPA cedeu 1,5%.
Braskem subiu 0,15% experimentando uma trégua após desabar 17% na véspera, para a menor cotação de fechamento desde julho de 2017, após a europeia LyondellBasell Industries desistir de comprar a participação controladora do conglomerado Odebrecht na petroquímica.
Tim (TIMP3) caiu 3,6%, entre as maiores quedas do Ibovespa. O Morgan Stanley cortou a recomendação dos ADRs da companhia para 'equal weight' e reduziu o preço-alvo para 16 dólares, enquanto reiterou preferência pelas ações da Telefônica Brasil, que cederam 0,4%.
Klabin subiu 1,45%, após duas quedas seguidas, quando acumulou declínio de 2,7%. No setor, Suzano (SUZB3) encerrou com variação negativa de 0,9%.
Fontes: Valor e Reuters