Juros
Os investidores do mercado de juros tiveram de mostrar sangue-frio para enfrentar mais uma rodada de pressão no exterior, nesta quinta-feira. A despeito da forte alta do dólar em todo o mundo, incluindo contra o real, as taxas negociadas na B3 pouco se afastaram da estabilidade ao longo do dia.
Toda a movimentação no exterior veio depois da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). A autoridade monetária desistiu dos seus planos de elevar os juros ainda este ano e decidiu que lançará novos empréstimos aos bancos, em meio à desaceleração global.
Segundo analistas, a decisão do BCE gerou uma ligeira realização, mas os contratos trabalham perto do ajuste.
DI1F20: 6,465% (- 2 bps)
DI1F21: 7,15% (+ 0 bps)
DI1F23: 8,32% (+ 7 bps)
DI1F25: 8,86% (+ 7 bps)
DI1F27: 9,18% (+ 7 bps)
Câmbio
O mercado brasileiro de câmbio teve pouco tempo para absorver o choque de realidade, deflagrado nos últimos dias pelos deslizes de comunicação do governo. Uma nova rodada de fortalecimento do dólar bateu em cheio nos emergentes e, sob pressão, veio à tona o clima de apreensão dos investidores com a cena política no país.
Não à toa, o real brasileiro foi a terceira moeda que mais perdeu terreno para o dólar durante boa parte da sessão, considerando uma lista de 33 divisas globais. O desempenho local só não foi pior que o do peso argentino e o do rand sul-africano, que sofrem com problemas fiscais de suas próprias economias e baixo volume de reservas internacionais.
O que disparou a onda de compras de dólar em todo o mundo foi a indicação clara, agora vinda da Europa, de que as principais economias do mundo estão crescendo pouco e de forma assimétrica, motivando o BCE a eliminar quaisquer chances de alta nas taxas de juros do bloco até o final de 2019.
Hoje, o contrato futuro da moeda americana (DOLJ19) fechou em alta de +0,81%, aos R$ 3,8770
Bolsa
Em dia de vasta queda de bolsas e alta do dólar mundialmente, o Ibovespa deu uma demonstração de que, com ou sem instabilidade, apostas otimistas ainda dão suporte aos ativos de renda variável.
De um lado, a sensibilidade do mercado cresce com o exterior e conforme esquenta o debate em torno da reforma da Previdência. Por outro lado, os bons fundamentos do Brasil guiam nesse momento os investidores, que lutam para defender patamares de preço as ações.
A queda de braço entre a confiança com o país e a pressão externa fez com o que o Ibovespa tivesse um pregão tímido: o índice terminou em alta de 0,13%, aos 94.340 pontos, depois de tocar a mínima no dia em 93.729 pontos. O giro ganhou relativa força na parte final dos negócios, depois de ficar mais lento ao longo do dia, e terminou em R$ 10,3 bilhões.
Nesse contexto, algumas das principais ações do Ibovespa buscam sustentar o nível atual de preços, caso da Ambev ON (+1,95%), que se recuperou do tombo dos últimos pregões, além de Bradesco ON (+0,70%), Bradesco PN (+0,71%) e Itaú Unibanco PN (+1,38%). A Vale ON encerrou em alta de +1,69%. Além desses papéis, subiram também algumas apostas bastante ligadas à economia local, como varejistas, entre elas a Magazine Luiza ON (+3,23%).
A ponta negativa ainda ficou a cargo das empresas concessionárias de rodovias. A CCR ON caiu -6%, enquanto a Ecorodovias ON cedeu -5,58%. O movimento ocorreu depois que a CCR reconheceu o pagamento de propina no Paraná.
Fonte: Valor