Juros
O Congresso deu mais um passo na tramitação da reforma da Previdência com a divulgação do parecer do relator, na comissão especial da Câmara dos deputados, e os investidores responderam de maneira positiva a esse movimento, retirando mais prêmio da curva de juros futuros.
Pesquisa com economistas realizada pelo Valor mostra que uma nova rodada de flexibilização monetária entrou de vez no cenário dos economistas. Segundo o levantamento, o percentual dos que esperam corte da taxa básica de juros no segundo semestre praticamente dobrou em relação ao levantamento anterior. De 63 economistas ouvidos pelo Valor, 38 deles esperam corte de juros neste ano, o que representa 60% do total. O número evidencia uma grande mudança nas projeções do mercado, uma vez que, no mesmo levantamento feito às vésperas da última reunião do Copom, em maio, apenas um terço da amostragem tinha queda como cenário base.
Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir e anuncia sua decisão de juros na quarta-feira (19). O consenso é de manutenção da Selic em 6,5% ao ano, mas a leitura de boa parte dos profissionais é que um corte está cada vez mais próximo de se concretizar.
O movimento de queda dos DIs hoje também está muito ligado ao ambiente político local, com a divulgação dos detalhes do parecer do relator da reforma da Previdência na Comissão Especial, Samuel Moreira (PSDB-SP). Com as mudanças feitas na proposta de reforma da Previdência do governo, o relator da matéria na Comissão Especial projeta ter uma economia de R$ 915 bilhões em dez anos. Pelos cálculos do relator, a economia projetada pode chegar a R$ 1 trilhão se for contabilizado, por exemplo, que a redução das transferências do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o BNDES for destinada para o financiamento de aposentadorias e pensões.
DI1F20: 6,08% (- 10 bps)
DI1F21: 6,04% (- 15 bps)
DI1F23: 6,97% (- 17 bps)
DI1F25: 7,50% (- 17 bps)
DI1F27: 7,86% (- 17 bps)
Câmbio
O real foi destaque positivo nos mercados globais de câmbio nesta quinta-feira, escapando da depreciação que afetou outras moedas emergentes, conforme investidores se agradaram com o parecer sobre a reforma da Previdência, que elevou o otimismo do mercado quanto à potência fiscal do projeto.
O dólar à vista caiu 0,36%, a 3,8546 reais na venda. O real revezou com o rublo russo o posto de moeda com melhor performance nesta sessão. No exterior, o dólar subia 0,05%.
Na mínima do dia, o dólar chegou a marcar 3,8350 reais. Mesmo tendo recuperado parte das perdas no fechamento, o dólar ainda terminou abaixo das médias móveis de 200, 100 e 50 dias, indicador técnico de tendência de baixa para a moeda norte-americana.
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez cedia 0,31%, a 3,8595 reais.
Chama atenção a valorização do câmbio a despeito de nova rodada de firme queda nos juros futuros, o que indica risco de mais redução do diferencial de taxas entre Brasil e Estados Unidos --razão citada por muitos no mercado para explicar o dólar mais perto de 4 reais do que de 3 reais.
Para analistas, a confiança na materialização da agenda de reformas tem se sobreposto aos retornos inferiores à média histórica para o câmbio.
Bolsa
O Ibovespa operou em alta durante toda a sessão de hoje, fechando com um avanço de 0,46%, aos 98.774 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14,5 bilhões, acima da média anual. O encaminhamento da reforma da Previdência, com a leitura do parecer do projeto, não trouxe grandes surpresas, mas o sentimento de que a agenda econômica está sendo cumprida pelo governo é bem vista pelos investidores. Além disso, o exterior mais positivo e a alta nos preços do petróleo também ajudaram a elevar a valorização.
O relator, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), passou o dia na Comissão Especial discutindo os detalhes da proposta. Agora, o texto precisa ser votado no colegiado e no plenário da Câmara dos Deputados antes de seguir para o Senado. Entre as principais mudanças estão alteração da idade mínima para o trabalhador rural, retirada da possibilidade de capitalização e eliminação das mudanças previstas pelo governo no Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Enquanto os investidores acompanhavam de perto a leitura do relatório, a Petrobras foi responsável por puxar a alta do Ibovespa de maneira significativa após o preço do petróleo disparar 4% no exterior. O aumento acontece por causa do ataque contra dois petroleiros no Golfo de Omã. O ataque, que ainda carece de detalhes, coincide com o aumento da tensão entre Irã e Estados Unidos. No fechamento, Petrobras ON subia 1,36% e Petrobras PN avançava 1,23%.
O setor frigorífico foi outro destaque positivo após a reabertura do mercado chinês para a carne bovina brasileira. Os embarques haviam sido suspensos em caráter preventivo por causa de um caso atípico de "vaca louca" no Mato Grosso. BRF ON fechou em alta de 5,81%, enquanto Marfrig ON encerrou a sessão com avanço de 4,45%. Apenas JBS ON (-2,62%) não foi afetada pela decisão nesse momento, após o banco JP Morgan rebaixar a recomendação da companhia para "neutra".
Já os papéis dos bancos foram o grande destaque negativo do dia. O recuo reflete a possibilidade de aumento da tributação sobre bancos como forma de arrecadar mais para os cofres públicos. A ideia é aumentar a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) dessas instituições a uma taxa entre 15% e 20%, prevendo uma arrecadação de R$ 5 bilhões por ano. Os recursos devem ajudar a reduzir o rombo previdenciário. No fechamento, recuavam: Bradesco ON (-1,07%); Bradesco PN (-1,09%); Itaú Unibanco PN (-1,79%); Santander UNT (-1,34%) e Banco do Brasil ON (-1,59%).
Braskem PN também teve um movimento expressivo hoje, fechando com valorização de 2,95%. Isso acontece após o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, acolher ontem o oferecimento de um seguro garantia da companhia e suspendeu uma decisão que impedia a realização de uma assembleia para a distribuição de dividendos. A decisão libera R$ 2,67 bilhões em dividendos pela empresa. Em um dia agitado no mundo corporativo, Magazine Luiza ON também foi notícia e fechou com alta de 3,20% após elevar sua oferta pela Netshoes em uma briga cada vez mais acirrada com a Centauro. A proposta, equiparada àquela feita pela concorrente, agora é de US$ 3,70 por ação.
Fontes: Valor e Reuters