Juros
Os contratos futuros de juros acumulam movimentos de queda quase que ininterruptos por um mês, seguindo as perspectivas mais positivas para a aprovação das reformas. Esta semana, os investidores operam de olho nas decisões do Copom, no Brasil, e do Fed, nos Estados Unidos, enquanto dão pouco peso para o noticiário político. Nesta segunda-feira, o boletim Focus apresentou, pela primeira vez, a aposta no corte dos juros para 2019. A mediana das projeções de economistas para Selic no fim de 2019 caiu de 6,50%, na semana passada, para 5,75% e recuou de 7,00% para 6,50% em 2020. A projeção para o IPCA deste ano foi de 3,89% para 3,84% e permaneceu em 4,00% para o ano que vem.
A decisão do Copom ganha ainda mais importância com a intensificação das apostas no corte e os investidores esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) dê os primeiros sinais de que essa possibilidade está sendo considerada. Na quarta-feira (19), o Copom anunciará sua decisão de política monetária e a expectativa dos especialistas é que a Selic seja mantida em 6,50% ao ano. Para o fim do ano, por outro lado, a maior parte do mercado já defende o corte na taxa básica diante da inflação projetada abaixo da meta e com a atividade patinando.
Os investidores deram pouca atenção, ao longo do dia, para a repercussão da saída de Joaquim Levy da presidência do BNDES e os DIs fecharam em leve alta. “O efeito Levy não foi sentido. O próprio [Jair] Bolsonaro não queria ele no governo, o BNDES está parado e o motivo foi a não produção de documentos abrindo a ‘caixa preta’”, afirmou Paulo Nepomuceno, estrategista-chefe Corretora Coinvalores. Ele chama atenção para a maneira como a demissão aconteceu, com o presidente “nem um pouco elegante” no processo, e disse que, no futuro, algum atrito entre Bolsonaro e Paulo Guedes, ministro da Economia, pode acontecer.
No domingo (16), Levy fez o pedido de demissão, após ter sido atacado publicamente por Bolsonaro, no sábado (15), cobrando que ele revertesse a nomeação de Marcos Barbosa Pinto para a diretoria de mercado de capitais do banco, pelo fato dele ter servido no governo PT.
DI1F20: 6,07% (+ 4 bps)
DI1F21: 6,01% (+ 2 bps)
DI1F23: 6,96% (+ 4 bps)
DI1F25: 7,52% (+ 4 bps)
DI1F27: 7,91% (+ 6 bps)
Câmbio
As preocupações políticas geradas com o noticiário carregado do final de semana foram deixadas em segundo plano no primeiro pregão desta semana mais curta, levando o dólar a trabalhar próximo da estabilidade durante a maior parte do pregão. O foco dos investidores se volta para a reunião do Federal Reserve, que anuncia sua decisão na próxima quarta-feira.
Dessa forma, o dólar encerrou em queda marginal de 0,04%, aos R$ 3,8981, após operar com sinal negativo durante praticamente toda a manhã. No exterior, o comportamento frente aos pares emergentes e ligados à commodities foi misto, com oscilações também sem muita convicção. O destaque foi o avanço de 0,37% em relação ao peso colombiano e o recuo de 0,34% frente à lira turca.
Único dado relevante do dia, o índice de atividade industrial do Fed de Nova York, conhecido como Empire State, caiu 26,4 pontos, de 17,8 para -8,6 de maio a junho, a primeira contração em mais de dois anos e a maior queda para um único mês na história do indicador. O número dá força à parcela do mercado que aposta em um afrouxamento monetário do Fed às vésperas da decisão de juros da instituição.
Na parte da tarde, a moeda americana chegou a dar um rápido pico de negociação, tocando máxima intraday de R$ 3,9234 antes de devolver o movimento. Profissionais disseram que o salto pontual foi devido a declarações inicialmente truncadas dadas pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) sobre a reforma da Previdência.
O reflexo tímido notado nos mercados foi diferente do visto em Brasília. Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que o episódio foi "uma covardia sem precedentes" cometida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. "Quer demitir, demite. Agora, tratar quadros da qualidade dos dois dessa forma, eu achei muito ruim", afirmou Maia, se referindo também a Marcos Pinto, uma indicação de Levy ao BNDES que teria sido "a gota d'água" da crise por ter passagem por governos petistas.
Bolsa
O Ibovespa iniciou a semana fechando em baixa de 0,43%, a 97.623,25 pontos, após oscilar muito ao longo da sessão, refletindo a cautela do mercado com os próximos dias no cenário internacional e com os possíveis desdobramentos na tramitação da reforma da Previdência.
Segundo profissionais do mercado, os negócios reverberaram em parte as crescentes apostas de que autoridades monetárias poderão indicar nesta semana que estão abertas a fazer cortes em taxas de juros ainda neste ano. Na semana cortada pelo feriado de Corpus Christi, na quinta-feira, haverá reuniões de política monetária dos bancos centrais dos Estados Unidos, Japão e da Inglaterra.
Além disso, haverá também reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central, na terça e quarta-feiras. A expectativa de corte da Selic foi reforçada com a pesquisa Focus, que mostrou o mercado reduzindo a previsão de crescimento econômico pela 16ª semana seguida. A pesquisa também mostrou que a estimativa agora é de que a Selic termine o ano em 5,75%, ante atual patamar de 6,5%.
"Cada um desses bancos centrais vai indicar possivelmente uma flexibilização nas taxas de juros, isso por si só já gera uma prudência", disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.
O mercado ainda espera mais desdobramentos na sequência da Tramitação da reforma da Previdência. Mais cedo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse esperar que a proposta de reforma seja aprovada na comissão especial da Casa em 26 de junho.
Embraer (EMBR3) subiu 0,54%, após a fabricante de aeronaves ter anunciado no início da manhã que assinou contrato com a United Airlines para até 39 jatos E175, em acordo avaliado em 1,9 bilhão de dólares, segundo preços de lista.
Petrobras PN (PETR4) subiu 0,2% e Petrobras ON (PETR3) teve queda de 0,1%. A estatal anunciou que prevê realizar ainda em 2019 um teste de longa duração em uma das áreas com potencial para produção de gás natural descobertas em águas profundas na bacia de Sergipe, a maior da empresa desde o pré-sal, em 2006.
Vale (VALE3) recuou 2,3%, na esteira dos futuros do minério de ferro na China, que caíram com o mercado focando nas perspectivas de maiores embarques do Brasil. A mineradora afirmou na semana passada que espera retomar em breve sua mina de Brucutu (MG), com capacidade anual de 20 milhões de toneladas.
Gol avançou 2,2%, após um tribunal de apelação autorizar nesta segunda-feira que a Avianca Brasil prossiga com um leilão, no qual espera-se que venda seus direitos de pousos e decolagens em aeroportos. As duas maiores companhias aéreas do país, a Latam Airlines e a Gol (GOLL4), devem participar do leilão.
Via Varejo (VVAR3) valorizou-se 2%. A família Klein retomou na sexta-feira o controle da companhia em leilão na B3. O GPA (PCAR4) teve alta de 0,9%.
IRB (IRBR3) Brasil avançou 3%, recuperando-se da queda de sexta-feira, após notícia de que o governo federal e a BB Seguros planejavam vender suas fatias na resseguradora até julho por meio de uma oferta de ações pesou nos papéis.
Banco Inter, fora do Ibovespa, recuou 2,9%, após correntistas afirmarem em redes sociais que os saldos de suas contas correntes estavam zerados. Segundo o banco, houve uma "instabilidade na visualização de saldo em uma pequena parcela de contas" que já estava normalizado.
Fontes: Valor e Reuters