Juros
As prisões do ex-presidente Michel Temer e de membros do MDB deixam mais conturbado o cenário político para a aprovação da reforma da Previdência e levaram os contratos futuros de juros a apresentar forte alta no pregão desta quinta-feira.
“O evento agita ainda mais o ambiente político, em um momento em que o que é necessário espaço para articulação entre governos,partidos, e de maior normalidade para construir a base para votar a Previdência. Tem um aumento de incerteza”, afirma Ricardo Ribeiro, analista político da MCM Consultores.
Destaca-se também a reação negativa à proposta de reforma previdenciária dos militares, que passou a mensagem de que o governo de Jair Bolsonaro acabou cedendo nas negociações por conta do baixo potencial de economia em dez anos.
DI1F20: 6,35% (- 0 bps)
DI1F21: 6,87% (- 3 bps)
DI1F23: 7,97% (+ 7 bps)
DI1F25: 8,52% (+ 7 bps)
DI1F27: 8,86% (+ 7 bps)
Câmbio
O dólar fechou em forte alta contra o real hoje, voltando para a casa de R$ 3,80. O salto da moeda americana dá uma boa ideia do nível de incerteza dos investidores com o cenário político, que agora enfrenta novos tons de nebulosidade com a prisão do ex-presidente Michel Temer e integrantes do MDB.
A preocupação no mercado é que as prisões deixem o ambiente político ainda mais conturbado e prejudiquem os esforços do governo para aglutinar forças para aprovação da reforma da Previdência.
Todo esse ambiente de incerteza cobra um pedágio dos investidores locais, que vinham carregando uma firme posição “comprada” em juros futuros e Ibovespa, segmentos que mais sofreram hoje. A estratégia também permeia a busca por proteção no dólar, em detrimento do real. Hoje, o dólar futuro (DOLJ19) fechou em alta de 0,45%, aos R$ 3,7935.
Bolsa
A prisão do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco causou um verdadeiro susto nos mercados brasileiros. O medo dos investidores é que o evento respingue de alguma forma na já atribulada tramitação da reforma da Previdência, cujo debate foi iniciado pelo ex-presidente em 2016.
Como “homem forte” por trás do debate, o receio é que parlamentares do Centrão e alinhados ao ex-presidente sejam, de alguma maneira, atingidos pelas investigações que culminaram nas prisões.
O resultado disso foi uma clara busca por proteção tanto na bolsa, quanto nos mercados de câmbio e de juros. Na mesma semana em que atingiu um recorde de 100.439 pontos, o Ibovespa devolveu boa parte do que ganhou porque, na avaliação de especialistas, é melhor evitar o risco agora. O índice terminou a sessão regular com queda de 1,34%, aos 96.729 pontos, com um giro financeiro de R$ 14,1 bilhões.
Após a notícia da prisão de Temer e Moreira Franco, diversas ações acentuaram o movimento de queda, caso dos bancos e da Petrobras. Bradesco ON fechou em baixa de -3,14%, enquanto Bradesco PN perdeu -2,20%; Banco do Brasil ON teve baixa de -2,10% e Itaú Unibanco PN se desvalorizou -1,76%.
No mesmo sentido, Petrobras ON teve baixa de -2%, enquanto Petrobras PN recuou -1,42%. Já as duas maiores quedas ficaram com Lojas Americanas PN (-5,58%) e B2W ON (-6,31%), em resposta à publicação dos balanços do quarto trimestre de 2018.
Papéis considerados mais defensivos, pela conexão com preços internacionais de commodities e com o dólar, entraram no foco do investidor, e a Suzano ON (+3,15%) liderou os ganhos do dia.
Fonte: Valor