Juros
A curva de juros futuros continua passando por ajustes, com a política monetária e a reforma da Previdência no radar. Agora, a curva passa por um movimento de redução da inclinação, ou seja, a queda da diferença entre os vencimentos mais longos e os curtos.
Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da Ativa, explica que o mercado já precificou o corte de 100 pontos base da Selic ainda este ano e que, agora, os vértices mais curtos devem mostrar pouca oscilação. Os mais longos, por outro lado, continuam caindo com a reforma da Previdência no foco do mercado.
Mais cedo, os contratos chegaram a operar em alta com as incertezas sobre o avanço da reforma na comissão especial. Uma fonte que preferiu não ser identificada explica que o mercado se preocupa com o momento em que o voto complementar do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) será apresentado, com a data da votação pelo colegiado da comissão especial e da votação em plenário.
O exterior mais tranquilo também contribuiu para a queda das taxas, com a disputa comercial entre EUA e China no radar do mercado. Os investidores esperam que, no fim de semana, o encontro marcado entre Donald Trump e Xi Jinpong na reunião do G-20, no Japão, possa amenizar as disputas. Nesta manhã, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, declarou que o acordo está 90% feito e que havia um “caminho claro” para este acordo. Segundo a imprensa internacional, os EUA estariam dispostos a adiar a entrada em vigor da tarifa de 25% sobre mais US$ 300 bilhões em produtos chineses em uma concessão temporária para trazer Pequim de volta à mesa.
DI1F20: 6,03% (+1 bps)
DI1F21: 5,98% (+3 bps)
DI1F23: 6,75% (-1 bps)
DI1F25: 7,24% (-5 bps)
DI1F27: 7,57% (-8 bps)
Câmbio
O dólar fechou em ligeira queda frente ao real nesta quarta-feira, mas o estímulo às vendas foi limitado pela persistente demanda por moeda no mercado físico, reflexo do sazonal aumento de saídas de recursos em fim de mês.
Além de fim de mês, junho marca ainda o término de trimestre e de semestre, o que tem reforçado a procura de empresas e investidores por dólares para envio ao exterior --como remessas de lucros e dividendos, por exemplo.
A taxa do casado --um cupom cambial de curtíssimo prazo e que reflete o custo do dólar no país-- chegou a bater 8% nesta quarta-feira, muito acima do usual, entre 3% e 4%.
Após o leilão de linha do Banco Central --no qual a autoridade monetária injetou 1 bilhão de dólares no sistema--, o casado caiu à faixa de 6%, patamar ainda considerado alto, mas retomou força e voltou a tocar os 8%.
"O mercado está muito afetado por questões técnicas. Tem a 'briga' pela Ptax, saídas de recursos... Não duvido que o BC volte a anunciar mais linhas", disse Thiago Silencio, operador de câmbio da CM Capital Markets.
Ainda pela manhã, o BC vendeu todo o lote de 1 bilhão de dólares em linha de moeda estrangeira com compromisso de recompra, elevando o estoque total dessas operações para 15,025 bilhões de dólares, 6 bilhões de dólares a mais que no começo de junho.
No fim do pregão no mercado interbancário, o dólar fechou em queda de 0,16%, a 3,8467 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez oscilava em torno da estabilidade, a 3,8475 reais.
O real ficou atrás de alguns de seus pares emergentes, como rand sul-africano, peso mexicano e lira turca, que lideravam os ganhos nos mercados de câmbio nesta sessão. Esperanças de algum progresso nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos ampararam a demanda do mercado por ativos de risco.
Bolsa
O Ibovespa recuperou nesta quarta-feira parte das perdas da véspera, subindo +0,6%, a 100.688,63 pontos, em meio às expectativas de que a reforma da Previdência possa ser votada na comissão especial nesta semana. O volume financeiro do dia somou 15,9 bilhões de reais.
Perto do final do pregão, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), presidente da comissão especial da reforma da Previdência, marcou para a quinta-feira o leitura de complementação de voto do relator e avaliação de pedidos de adiamento de votação do parecer. Segundo Ramos, se todos os requerimentos de adiamento forem derrubados, a comissão poderá definir a data de início de votação da reforma. A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-PR), não descartou chances de votação na comissão já na quinta-feira.
Enquanto isso, o mercado ainda se recupera do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na terça-feira, que minou apostas sobre possível corte de juros nos Estados Unidos, e se mantinha na expectativa sobre o encontro entre os presidentes da China e dos Estados Unidos na cúpula do G20, no Japão.
Os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, vão se reunir nesta semana na cúpula do G20 sob a expectativa de que aliviem a guerra comercial iniciada por Washington e que já dura 11 meses.
Petrobras ON (PETR3) recuou 0,5% e Petrobras PN (PETR4) subiu 0,58%, após constar nas diretrizes do programa de gás do governo federal que a empresa deverá vender ativos nos setores de transporte e distribuição do insumo, além do início de uma nova fase na venda da participação de 93,7% na Breitener Energética.
JBS (JBSS3) fechou na ponta negativa do índice, recuando 3%, após ser o único papel com variação positiva no pregão da véspera, quando, no final do dia, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que iniciou uma investigação criminal sobre acusações que afirmam que processadoras de carne incluindo a controlada Pilgrim's Pride fizeram conluio para fixação de preços de carne de frango.
Vale (VALE3) avançou 0,4%. A empresa informou mais cedo que vai investir 1,8 bilhão de reais até 2023 para garantir a segurança de estruturas remanescentes da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).
Braskem PNA (BRKM5) teve oscilação positiva de 0,11%. Mais cedo, a Justiça de Alagoas bloqueou 3,7 bilhões de reais da empresa para garantir eventuais indenizações por danos causados pelo afundamento de solo e rachaduras em três bairros de Maceió, onde a empresa tem atividades de mineração.
Itaú Unibanco PN (ITUB4) valorizou-se 2,4%, Santander (SANB11) avançou 1,3%. Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco PN (BBDC4) ganharam 2,2% e 1,25%, respectivamente.
Fontes: Valor e Reuters