Juros
O mercado local de juros futuros teve mais um dia negativo seguindo o movimento dos ativos emergentes no exterior e o cenário político conturbado no ambiente local, nesta quarta-feira.
Com o movimento dos últimos dias, o mercado de renda fixa começa a precificar a probabilidade da não aprovação da reforma da Previdência. Os desentendimentos, aqui, acontecem simultaneamente a um período de nervosismo no exterior, o que deixa os ativos ainda mais sensíveis às questões locais.
De acordo com o gestor de uma grande asset que preferiu não ser identificado, o mercado embute, hoje, probabilidade entre 50% e 60% de aprovação da reforma. O especialista afirma também que a curva tem bastante prêmio, sobretudo ao comparar com os juros reais de países pares do Brasil.
Mas a leitura de que os ativos começam a precificar chance de não aprovação, no entanto, não é unânime. “De uma semana para cá, com a crise política que se instaurou, o mercado começou a ficar receoso quanto à estratégia do governo e às chances de aprovação da reforma. Mas eu diria que esse receio ainda é incipiente, nem de longe está precificado um cenário de não aprovação”, afirma Fernando Rocha, economista-chefe da JGP.
DI1F20: 6,65% (+ 16 bps)
DI1F21: 7,41% (+ 30 bps)
DI1F23: 8,60% (+ 33 bps)
DI1F25: 9,15% (+ 31 bps)
DI1F27: 9,49% (+ 32 bps)
Câmbio
A queda de braço entre os principais responsáveis pela condução da agenda econômica do país elevou o nível de nervosismo no mercado, forçando um duro ajuste nas apostas dos investidores.
Em dia já desfavorável para emergentes, os participantes do mercado diminuíram a exposição nos ativos locais e buscaram a proteção do dólar, num movimento que levou a cotação para a marca de R$ 3,99 — a mais elevada desde o mês eleitoral de outubro.
Gestores comentam que a falta de organização do governo, que ficou evidente na votação do Orçamento Impositivo ontem, deixa claro que a tramitação da reforma da Previdência será muito mais turbulenta que o esperado anteriormente — algo que se reflete no aumento do prêmio exigido para se investir nos ativos locais.
No fechamento, o dólar futuro (DOLJ19) registrou alta de +2,99%,aos R$ 3,9935.
Bolsa
O custo da falta de articulação política entre governo e Congresso pela reforma da Previdência já tirou mais de oito mil pontos do Ibovespa desde que o índice rompeu, na semana passada, os 100 mil pontos. Só hoje, a piora do sentimento dos investidores foi tão grande que o Ibovespa saiu dos 95 mil pontos para 91 mil pontos.
A queda do índice, que piorou substancialmente o movimento bem no fim dos negócios, foi de 3,57% hoje, aos 91.903 pontos. Desde o recorde intradiário atingido em 19 de março, de 100.439 pontos, a perda é de 8,5%. Por mais uma sessão, o giro financeiro foi forte ao somar R$ 14,4 bilhões.
Na avaliação de operadores, o desgaste gerado entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso segue se aprofundando, com um nível de incertezas crescente envolvendo as articulações para a aprovação da reforma da Previdência.
Operações de “stop loss”, ou seja, ordens automáticas de venda para proteger os portfólios, fizeram com que a maioria das ações aprofundasse muito as perdas perto do fim dos negócios. Apenas Suzano ON subiu no dia (+1,87%). Bancos, varejistas, siderúrgicas, Petrobras e Vale fecharam todos em forte baixa. As ações PN de Petrobras caíram -4,51%, enquanto as ON caíram -4,64%. Já no caso de Vale, as ON caíram -1,35%.
Fonte: Valor