Os fundos de investimento que se dedicam a comprar títulos de crédito privado estão em alta, mas especialistas mostram alguma preocupação com o fato de eles estarem se expandindo em bases que não são as mais adequadas. A maior parte das carteiras que surge oferece aos investidores liquidez imediata.Ou seja, após um pedido de resgate, o pagamento dos recursos é feito no mesmo dia da solicitação ou no dia seguinte. A indústria cresce assim apesar de o mercado secundário, onde esses papéis são negociados, ter liquidez ainda bastante reduzida, trazendo risco para o gestor que precisar vender os títulos para honrar resgates.
Essas carteiras investem em títulos de dívida corporativa, principalmente debêntures. São papéis que prometem o pagamento de rendimentos mensais por um prazo cada vez mais longo, mas o investidor está entrando na aplicação com a cabeça de liquidez imediata.
Jean-Pierre Cote Gil, sócio responsável pela gestão de crédito na GPS Investimentos, está entre os que mostram preocupação com esse aspecto do forte crescimento desses fundos. "Regras de resgate muito flexíveis atraem investidores de curto prazo, geralmente mais voláteis. Portanto, a baixa liquidez de ativos de crédito pode se virar contra o próprio gestor sob um cenário de estresse", afirma Cote Gil.
A massa de novos investidores desses fundos é de pessoas físicas que estão trocando o atendimento dos bancos pelas opções das plataformas abertas, num movimento de busca por diversificação em um ambiente de juro baixo. A preocupação de alguns gestores é que esse investidor talvez não entenda o que está comprando.
Um gestor de um banco local acredita que, para que se possa fazer uma gestão com tranquilidade nesse tipo de fundo, é preciso um prazo de resgate de, no mínimo, 30 dias. O ideal, ele diz, seria pelo menos 60 - várias casas maiores estão migrando para esse prazo.