O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai reduzir, nos próximos anos, a concessão de crédito a grandes companhias, como prevaleceu nas últimas décadas, e privilegiará projetos de infraestrutura.
Estatísticas oficiais mostram que há grande concentração de recursos subsidiados do banco nas mãos de poucas empresas. Em entrevista, o presidente do banco, Joaquim Levy, não mencionou os nomes das companhias, mas o Valor apurou que os seis maiores tomadores são Petrobras (R$ 62,4 bilhões), Embraer (R$ 49,3 bilhões), Norte Energia (R$ 25,4 bilhões), Vale (R$ 23,3 bilhões) e grupo Odebrecht (R$ 16,4 bilhões).
Levy deixou claro que o BNDES já tem hoje um papel menor na economia, reflexo da percepção de que o protagonismo dos gastos públicos, no financiamento da atividade produtiva nos últimos anos, teve efeito "negativo" na capacidade de crescimento. Ele se refere ao fato de que, entre 2008 e 2015, o Tesouro tomou no mercado o equivalente a quase 10% do PIB para conceder crédito subsidiado principalmente a grandes empresas, gerando um buraco nas contas públicas que acabou limitando a expansão da economia.
"Sabe-se, há muito tempo, que a antiga TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) era um mecanismo de acomodação das elites para fugir do esforço da política monetária necessário para fazer frente às pressões fiscais", criticou.