LIVE - Roberto Campos Neto

Gestoras

Live realizada pelo Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida (BACCF) com o Presidente do Banco Central, Roberto Cambos Neto.

Introdução

A live mediada por Cássio Segura, presidente do Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida (BACCF), objetivou captar a perspectiva do presidente do Banco Central, Roberto Cambos Neto, sobre a crise gerada pela Pandemia, entendendo as medidas que foram feitas e as que ainda irão se realizar e quais os impactos esperados na economia em tempos de crise.

Roberto Campos Neto está há menos de dois anos na presidência do Banco Central, tendo sido nomeado em novembro de 2018 e empossado no dia 28 de fevereiro seguinte. Sua trajetória sempre esteve ligada ao mercado financeiro e conta com passagem de mais de 18 anos pelo Banco Santander.

Comentários

Segundo o presidente do Bacen, um clima de incerteza paira no ar a respeito da segunda onda de contágio do COVID-19. Entretanto, entende também que antes de pensar no que pode acontecer, é necessário entender o que está de fato acontecendo atualmente, na “primeira” onda de contágio.

No cenário doméstico, houve intensa fuga de capitais de não residentes, tendo esse valor sido significativamente maior do que em qualquer outra crise (comparando com a crise financeira de 2008, foi 10 vezes maior), o que traz um desafio adicional com a necessidade de atravessar a crise sem recursos externos. Quanto aos investimentos, esses tem retornado aos poucos para a normalidade, como nos fundos Money Market e nos fundos de ativos de mercados emergentes. Ainda, o número de CPFs na Bolsa de Valores também aumentou, hoje está em 2.500.000, diferente do ocorrido em crises passadas. O câmbio também se depreciou de forma nunca antes vista, em razão, principalmente, da aversão ao risco e da saída de capital já referida. Nesse contexto, as previsões para o PIB em 2020 se deterioram e as expectativas são de uma retomada lenta em 2021, especialmente em países emergentes como o Brasil. O BACEM aponta para um PIB de -6,4%, já o FMI previu queda do PIB de mais de 9% para esse ano, observação imediatamente rechaçada pelo Ministro da Fazenda.

Em junho, entretanto, a atividade já apresentou sinais de retomada, em setores como o de energia, além da recuperação do varejo, exceto no setor de serviços. A forma como a economia se recuperará, por outro lado, vai depender do modo como a população irá se adaptar à nova realidade, principalmente em um cenário no qual a vacina não for desenvolvida e por não saber quanto vai durar a pandemia e quando se dará a volta da plena mobilidade.

Quanto ao papel do Banco Central, este se volta principalmente no sentido de solucionar os problemas de liquidez. As questões de solvência, por sua vez, são designadas ao Governo, que já realizou estímulos fiscais no valor de 7,3% do PIB, valor bastante representativo em termos mundiais, sendo inferior somente a países que já apresentavam razões Dívida/PIB baixas e a países desenvolvidos.

As medidas que foram feitas pelo Banco Central visam três objetivos principais: fornecer liquidez e capital para o país atravessar a crise, estabilizar o mercado e direcionar o dinheiro e o crédito para onde ele precisa ir. Quanto aos primeiros dois pontos, Roberto Campos acredita que as políticas tenham sido bem-sucedidas. Os programas que deverão seguir, portanto, serão voltados para o direcionamento do dinheiro para pequenas e médias empresas, uma vez que se entende que são essas que estão com maior necessidade, dado o elevado montante que já foi direcionado aos indivíduos. Acredita-se que nas próximas semanas o efeito do direcionamento de crédito já será sentido por tais empresas.

Quanto à eficácia das políticas de injeção de liquidez e capital, o Brasil foi, não somente o primeiro país a realizar tais medidas, como também, o que as realizou de forma mais intensa, tendo essas alcançado 17,5% do PIB, com o crédito tendo crescido mais do que em 2019; sendo que a maior parte foi fornecida por bancos privados, contrariando o mito que se espalhou de que foram os bancos públicos que expandiram o crédito de forma mais intensa.

Desse modo, o que se entende é que os programas feitos pelo Banco Central têm tido efeito positivo, mas demoram para de fato ter impacto. Ainda, a perspectiva que tem sido adotada é a de realizar mais medidas mesmo correndo o risco de se ter excesso de liquidez, do que ao contrário.

Time de Análise - MZR

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