Call realizado em 7 de maio com Ian Caó, Sócio e Head Portfolio Managerda Gama Crédito.
Introdução
A Gama Crédito é uma gestora de recursos independente fundada em janeiro de 2018. A casa é focada apenas em fundos de crédito privado e hoje conta com uma estratégia, aberta em algumas plataformas do mercado.
A asset tem hoje aproximadamente R$ 275 milhões sob gestão. O time de gestão conta hoje com 6 pessoas, 3 dos quais são sócios,sendo os cabeças da operação: Marcos Falcão (CEO, ex-Garantia e IcatuHartford), Ian Caó (Head PM, ex-Bozano e Icatu Hartford) e Antônio Roque (Head of Research, ex-Bozano e Unibanco).
A única estratégia da casa hoje, chamada Gama Top, apresenta uma rentabilidade acumulada até o fim de 2019 de 107,3% do CDI desde a incepção do fundo (maio de 2018), em um veículo com cotização de resgates D+15. Segundo a casa, o alvo de rentabilidade da estratégia no longo prazo é entre 105% e 110% do CDI.
Ian Caó foi sócio responsável pela gestão dos fundos de renda fixa e crédito da Bozano Investimentos. Atuou como analista de risco e renda fixa no Banco Icatu entre 1995 e 2000. Em 2001 se juntou à Mercatto Gestão para atuar como gestor de renda fixa. Em 2005 se tornou head de renda fixa e crédito na Icatu Hartford com R$ 5 bi sob gestão. Em 2008 se tornou co-fundador da Paineiras Investimentos, onde atuou até migrar para a Bozano investimentos em 2012. Ian é formado em Economia pela PUC-Rio.
Comentários
O intuito da reunião foi trazer uma análise do cenário atual de crédito no Brasil e perspectivas futuras para o setor.
Ian começou explicando a razão das quedas acentuadas nos ativos de crédito privado devido aos impactos do Coronavírus. Por mais que sejam em geral papeis mais defensivos com um beta esperado menor, o drawdown de cerca de 6% na classe é compreensível, visto que, proporcionalmente, eles se adequaram às quedas na bolsa e no setor bancário.
A marcação a mercado de boa parte dos ativos de crédito apontou rentabilidade negativa, assustando muitos investidores. Mas na realidade isso era esperado por alguns motivos. Primeiramente, pois eles são sempre precificados acima da curva de risk free, já que se espera um retorno maior diante de um maior risco. Assim, o movimento na curva do CDI por si só, já fez com que os preços dos ativos também se alterassem, independentemente da mudança na percepção de risco.
Além disso, a volatilidade nos preços também se elevou significativamente nos últimos meses, já que as incertezas aumentaram. Um maior risco, demanda um maior prêmio pago por ele. Consequentemente, houve desvalorização no preço unitário dos ativos que é calculado com base no valor presente dos rendimentos futuros.
O último fator que contribuiu para a rentabilidade negativa foi a baixa liquidez do mercado, que gerou spreads altíssimos. O carrego dos ativos que normalmente estava pouco acima de 100% do CDI, agora estão em 180%, em média. Mas é esperado que no longo prazo o carrego recue ficando entre 110% e 125% do CDI para os papeis High Grade – aqueles com baixo risco de inadimplência.
Como o mercado de capitais brasileiro é bastante concentrado em ativos High Grade e o nível de solvência das empresas está bastante elevado, espera-se um movimento de alta nos preços dentro dos próximos quatro meses, compensando a desvalorização recente e se equilibrando em um nível um pouco superior ao que se tinha antes.
Time de Análise - MZR