Desde o fim da eleição, em outubro, a melhora significativa da percepção do investidor em relação ao país - apoiada em grande parte nas expectativas para o ajuste fiscal - derrubou o custo do seguro contra calote do Brasil, risco hoje considerado moderado pelas agências de rating, para as mínimas em oito meses.
O movimento é tamanho que o preço cobrado dos investidores globais para se proteger, hoje na casa dos 180 pontos-base, está cada vez mais próximo ao de emergentes que carregam o selo de grau de investimento, quando o risco de calote é baixo. Especialistas alertam, entretanto, que o otimismo no mercado brasileiro ainda precisa encontrar respaldo em ações concretas do governo para que uma elevação de rating se torne uma realidade.
A diferença da taxa brasileira caiu para menos de 50 pontos-base na comparação com o CDS de pares emergentes como México (137 pontos), Colômbia (135 pontos) e Rússia (141 pontos), países que têm rating soberano em grau de investimento.
"A reforma da Previdência é condição necessária para melhora do rating, mas não é suficiente. É preciso restaurar crescimento, manter a disciplina fiscal e fazer outras reformas", afirma Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra. "Dando tudo certo, estimamos que a dívida do Brasil chegaria a 70% do PIB em 10 anos (...) Por isso, um prazo realista para retomar o grau de investimento é de 5 a 10 anos, ou seja, não deve ser neste mandato presidencial."