*Principais indicadores: CDI +0,28%, Ibovespa +10,25%%, Prefixados (IFR-M) +1,1%, Ativos IPCA (IMA-B) +1,3%, Imobiliários (IFIX) +4,40%, Dólar (Ptax) 5,4% e Multimercados (IHFA) +2,89%*
A despeito do aumento do número de casos e da piora nas expectativas econômicas em abril, o mês foi de recuperação parcial para as bolsas ao redor do mundo. A melhora foi suportada, fundamentalmente, por quatro fatores: i. os pacotes de estímulos governamentais (incluindo corte de juros); ii. aparentes resultados do isolamento social em diversos países, principalmente na Europa; iii. a perspectiva de reabertura das economias, ainda que de forma gradual; iv. notícias sobre testes de remédios que aparentam ter efeito no tratamento dos infectados pelo coronavírus, ressaltando que sua efetividade, todavia, não restou comprovada pela comunidade científica.
Importante destacar que ainda é cedo para celebrar, uma vez que existem outros riscos além da pandemia do COVID-19.
Começando pelos dados de crescimento das três principais economias mundiais: China, Estados Unidos e Europa, que divulgaram seus números de PIB, apontando para uma forte retração (6,8%; 4,8% e 3,8% respectivamente) no primeiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano passado.
Na China, primeiro país a deixar o isolamento, vários indicadores mostram uma boa recuperação da atividade, porém em patamar inferior ao observado antes da crise causada pela doença.
Quando comparado com a China, os EUA estão em fase preliminar da curva de contágio e vem apresentando dados bem negativos. O país sofre com o elevado número de pedidos de seguro-desemprego, que somam mais de 30 milhões desde o início da crise, fato que gera, no mercado, expectativa de que o PIB americano tenha uma retração ainda mais grave no segundo trimestre. No entanto, os investidores encontram alívio nos diversos e vultuosos pacotes de auxílio financeiro voltado às pessoas e empresas, em conjunto com a desistência de Bernie Sanders a candidatura à presidência dos EUA, o que deixou praticamente a figura de Joe Biden como candidato pelo Partido Democrata.
O último fator, sendo talvez o mais importante a ser monitorado, será a abertura gradual de alguns estados e países. Apesar da medida incialmente beneficiar empresas, se feita de maneira ou ritmo incorretos, pode gerar uma segunda onda de contágio. Esse cenário poderá ter efeitos ainda mais negativos na confiança das pessoas e dos investidores, causando uma nova desvalorização acentuada dos ativos de risco.
No Brasil, a crise política se agravou, potencializando mais incertezas ao já conturbado cenário envolvendo o coronavírus.
O relacionamento entre os Poderes Executivo e Legislativo, que já não apresentava uma harmonia desde o início do mandato do Presidente Bolsonaro, passa a ter um novo capítulo com a demissão de Luiz Henrique Mandetta, o qual tinha seu trabalho de Ministro da Saúde bem avaliado pela maioria. Este acontecimento desagradou muitos, além de iniciar outro conflito entre o Presidente da República e o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Não obstante, uma semana após a demissão de Mandetta, Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, sem o consentimento do, até então, Ministro da Justiça. Diante da situação, o ex-juiz Sergio Moro solicitou seu desligamento do Ministério, alegando que a troca realizada pelo Presidente sofreu interferência política, já que Bolsonaro desejava ter um Diretor-Geral a quem pudesse recorrer para obter informações de competência exclusiva da PF.
Após Moro oficializar sua demissão, o mercado reagiu de forma negativa com receio de que o Ministro da Economia, Paulo Guedes , também deixasse o governo, já que na visão dos investidores, o então super ministro parecia cada vez mais isolado. Importante salientar que o governo anunciou um plano de obras de infraestrutura, o Pró-Brasil, sem a participação de Guedes ou qualquer representante de seu Ministério. No entanto, sua presença no discurso de esclarecimento sobre o “caso Moro” do Presidente na sexta-feira à tarde, junto a aparição de ambos na manhã útil seguinte, ajudou a reforçar a posição do Ministro e acalmou o mercado.
No começo de abril, quando a situação não era tão grave ainda, a instabilidade política foi mencionada até pela S&P, agência de classificação de risco, que rebaixou a perspectiva do Brasil de positiva para estável. Segundo a agência, além da deterioração fiscal (em função da queda do PIB com concomitante aumento dos gastos), o “aumento de incerteza em relação à capacidade de avançar na agenda de reformas estruturais uma vez que a pandemia se dissipe, dado o desentendimento contínuo entre os Poderes Executivo e Legislativo” foi o principal motivo para tal mudança.
Dessa maneira, vimos grande elevação das incertezas quanto ao futuro do país em termos políticos e econômico. Alguns falam sobre uma suspeita de crime cometido por Bolsonaro, o qual seria passível de processo de impeachment, apesar de parecer improvável no momento. Além disso, há o risco de serem retomadas medidas de estímulo através de gastos do governo, o que aumentaria ainda mais o déficit do país.
Para as posições, não vamos realizar mudanças no momento. As carteiras reagiram muito bem em abril e seguimos com um portfólio bem balanceado para os perfis. Para carteiras de perfil mais agressivos, avaliamos a possibilidade de fundos com foco em ações globais para capturar a volta do mercado e isolando o risco político Brasil. Outra adaptação que fizemos na carteira foi de trocar aumento em IPCA via ativos de crédito por títulos do governo novamente, aproveitando a abertura recente das taxas e apostando no comprometimento desta equipe econômica com o ajuste fiscal após estabilização da pandemia.
O carrego dos ativos indexados deverão ser novamente impactados após a reunião do Copom no dia 06 de maio, com as expectativas voltadas para pelo menos um corte de 50bps novamente na taxa de juros. A paralisação da economia global por conta da epidemia do coronavírus, vem causando um cenário de deflação e levando as estimativas de juros de curto prazo ainda mais para baixo. Tal fato pressiona o Banco central a seguir a sua política de estímulos enquanto ainda possui ferramentas disponíveis para aliviar os mercados.
Ao longo do mês observamos uma leve melhora nas taxas dos ativos indexados ao CDI, com uma queda dos spreads de crédito mais significante vinda das emissões bancárias de Letra Financeira. No entanto acreditamos que assim que a PEC do Orçamento de Guerra seja aprovada na Câmara, o Banco Central deve atuar no mercado de forma a manter a liquidez e normalizar os preços dos ativos. Com isso devemos ver uma volta das taxas de retorno, para valores mais próximos ao observados pré-crise.
Sendo assim, mantivemos a nossa recomendação para os ativos de prazo maiores, a fim de aproveitar a abertura disfuncional dos spreads e evitar o risco de reinvestimento no curto prazo. Com o aumento da inclinação da curva, devido ao risco políticos adicionados neste mês, as taxas de ativos de empresas AAA com rendimento entre 130%-140% do CDI e prazo de 5 anos. Podem superar os 9% líquido ao ano, uma vez que os contratos futuros de juros para 2025 são negociados a aproximadamente 6,50% ao ano.
A divulgação do IPCA de abril (IPCA-15) em -0,01%, dá continuidade ao registro de menor taxa para o mês desde o início do Plano Real. Com o resultado, o índice recuou para uma alta de 2,92% nos 12 meses, bem abaixo dos 3,67% acumulados no mês anterior, permanecendo abaixo do centro da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, de 4% em 2020. O IPCA-15 de abril traz os impactos negativos da paralisação por conta do coronavírus.
As medidas de lockdown adotadas no Brasil, podem levar o país ao registro inédito de um trimestre inteiro de deflação. Já que as estimativas de grandes instituições financeira, é que o indicador de inflação permaneça no campo negativo até junho. Mesmo com a forte depreciação recente do real, até o momento, não gerou algum tipo de repasse na divulgação de preços aos consumidores.
No entanto devido ao agravamento da crise política no Brasil, que somou ainda mais risco a situação do país, tivemos uma forte abertura na curva de juros futuros. Com isso alguns ativos de crédito corporativo com duration mais curtos de até 3,5 anos, apresentaram também um movimento de melhoras em suas taxas. Diante disto migramos nossa recomendação para os ativos de menor vencimento, uma vez que as taxas prefixadas de retorno já superam a expectativa de juros para o mesmo período. Para prazos mais longos, aproveitar os títulos públicos de vencimento 2030 ou 2035 parece fazer sentido em carteiras de perfil mais agressivo.
O índice IHFA teve um desempenho de +2,89%, o que evidencia a confiança no mercado sobre a recuperação dos preços de março. Tal assimetria gerou muitas oportunidades para os fundos macro em Equities local e offshore (em especial bolsa americana), além de novas oportunidades na curva de juros com as aberturas recentes do DI. Muitos gestores taticamente também se posicionaram em dólar como hedge das posições e em commodities, aproveitando principalmente a volatilidade do petróleo. Os gestores anteciparam muito o movimento de retração das economias e colocam em sua maioria os seguintes pontos de atenção para a economia local e global: evolução do isolamento seletivo no número de casos e retomada gradual da economia, tensões geopolíticas maiores entre China e EUA com possíveis discussões de novas tarifas entre as economias, ruído político no Brasil com a saída do Moro e os impactos na popularidade do Bolsonaro e blindagem da equipe econômica liderada pelo Ministro Paulo Guedes. Vimos também muitos fundos descorrelacionados com bons retornos, com destaque para os fundos Long Short que souberam gerar retorno com as posições compradas em empresas de consumo.
Os mercados globais, incluindo o Brasil, recuperaram parte da perda de março em abril. O S&P 500 subiu 12,7% em abril e agora está 14% abaixo do seu pico, enquanto o Ibovespa acompanhou o movimento e subiu 10,3% em BRL (5,2% em USD), 33% abaixo do pico em BRL. As medidas monetárias e fiscais tomadas, quase que simultaneamente, pelos bancos centrais e governos em todo o mundo certamente explicam parte da recuperação dos preços dos ativos globalmente. Além disso, a redução nas taxas de infecção e mortes em algumas regiões criticamente afetadas (como Itália, Espanha e Nova York), combinadas com notícias sobre o progresso dos tratamentos, tiveram um papel importante na indicação de que o pior já passou. No Brasil, por outro lado, além do aprofundamento da crise econômica (maiores gastos e paralização da atividade) e de saúde (curva de novos casos ascendente), vimos o início de uma crise política com a saída dos ministros Mandetta e Moro, ambos populares. Para recuperar a proeminência no debate no Congresso, o governo está trabalhando em uma nova coalizão que poderia ajudar sua agenda a avançar. Por mais que o isolamento social traga dificuldades estruturais no curto prazo para a economia brasileira, importante ressaltar que as companhias aqui listadas são as principais de seus segmentos, com níveis de liquidez saudáveis para suportar meses de fracas ou nulas operações, além de virem de um processo de forte desalavancagem no último ano, dado o cenário estrutural de juros baixos. Sendo essa uma crise com começo, meio e fim, ao contrário do cenário em 2008, entendemos que os fundamentos das companhias não foram alterados no longo prazo. Tendo isso em vista, seguimos vendo a bolsa como um veículo atrativo para se investir no Brasil, tendo sempre como visão de horizonte o médio/longo prazo: (a) cenário de juros baixos estruturais, (b) valuation de empresas extremamente atrativos pós queda recente, especialmente de nomes premium e/ou defensivos, (c) melhora dos resultados das companhias listadas, (d) baixa alocação dos fundos locais e estrangeiros em renda variável comparado com os níveis históricos e (e) P/L (Preço/Lucro, principal múltiplo de avaliação de preços das ações) abaixo do patamar histórico, devendo negociar com premium. Os maiores gestores de ações do Brasil seguem otimistas no médio/longo prazo, tendo inclusive reaberto seus fundos para novas aplicações. Para o final do ano, as casas de análise enxergam um upside de aproximadamente 25%.
A carteira de ações MZR teve uma performance positiva de 21,1% em março, contra +10,3% do Ibovespa no mesmo período. O grande destaque foi a alta de 73,9% de Via Varejo, após a companhia surpreender o mercado com o avanço e ganho de Market share de sua operação de ecommerce, sendo hoje a terceira mais relevante do Brasil (atrás de Mercado Livre e B2W). Magazine Luiza também seguiu o fluxo de alta das companhias de ecommerce (+27,5%), dado o potencial de crescimento de vendas e preparo de sua plataforma para atender lojistas e cliente final. Petrobrás recuperou parte de suas perdas (+29,0%) com a estabilização dos preços internacionais de petróleo e retomada gradual da atividade internacional, principalmente China.
No Mês de abril, depois de 3 meses de queda vimos uma valorização do IFIX, registrando uma alta de 4,4%. Continuamos otimistas com o mercado imobiliário apesar de um cenário macro desafiador do curto prazo, uma vez que as taxas de juros estão em seu menor patamar histórico, tornando o investimento em fundos imobiliários atrativo. No curto prazo, vemos que a crise afetou principalmente as distribuições de proventos, devido a uma menor atividade da economia, mas que, dada a precificação atual dos ativos, acreditamos ser uma boa oportunidade de comprar fundos de qualidade por um preço abaixo do valor patrimonial e gerar ganhos de capital no futuro.Por ser um mercado ainda de baixa liquidez e com um número relevante de novos CPFs como investidores, houve uma migração de recursos para o mercado acionário e uma força vendedora de volume não relevante que puxou o mercado para baixo. Vimos fundos negociados a 30% abaixo do valor patrimonial e pagando rendimentos históricos de 400% do CDI isento na cota a mercado, o que enxergamos como uma grande distorção. fundamentos de longo prazo seguem positivos, juros estruturais seguem baixos e o imóvel não perde seu valor.
A carteira de fundos imobiliários MZR teve uma performance negativa de 5,3% em março, contra 4,3% do IFIX no mesmo período. Vale mencionar, porém, que todos estão em situação confortável de liquidez e possuem um porfólio de alta qualidade pra gerar resultados sólidos no médio/longo prazo. O setor que melhorou performou no mês foi o de logística, dado o menor impacto da receita dos galpões – VBI Logística registrou uma alta de 17,4%. Aproveitar para adicionar na carteira mais uma opção de fundo de CRI atrelado ao CDI, o Valora Recebíveis (VGIR11). A Valora é uma casa que tem um grande expertise em crédito, originando grande parte das operações do fundo. Entendemos que a gestão faz um bom trabalho, tendo um porfólio saudável e entregando um resultado consistente.
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